quinta-feira, 9 de junho de 2016

Filósofos africanos

Àwọn amòye ará Áfríkà.
Filósofos africanos.

1. Ibn Khaldun (1332-1395) e a Inovação da Sociologia.

Resultado de imagem para BIOGRAFIA Ibn Khaldun

Os muçulmanos tiveram um papel destacado e pioneiro nas ciências humanas e intelectuais, criando ciências de alto nível e de grande importância no campo social humano. Eles também criaram importantes ciências exclusivas da lei (Sharia) islâmica e outras exclusivas da língua árabe.
O dicionário de termos das ciências sociais define a sociologia como: "a ciência cujo objeto é estudar, descrever e comparar as sociedades humanas como elas são condicionadas por seus enquadramentos temporal e espacial, na tentativa de descobrir leis de evolução em que essas sociedades humanas são influenciadas em seu progresso e mudança."[1]. 
O assunto da sociologia
Os sociólogos definem o objeto da sociologia nos fenômenos sociais, que se revelam resultado do convívio das pessoas em sociedade e da sua interacção e envolvimento em relações e na criação do que é chamado de cultura comum, na qual as pessoas estão de acordo sobre certos métodos para a expressão de suas idéias, sobre definidos valores e sobre certos métodos no assunto da economia, do governo e da moralidade, e outros.
Os fenômenos sociais começam quando duas ou mais pessoas interagem e se engajam em relações sociais. E quando essas relações permanecem e continuam, os grupos sociais são formados. E os grupos sociais são um dos assuntos básicos da sociologia.
Outro assunto da sociologia se representa nos processos sociais, como conflito, cooperação, competição, acordo, a estratificação social e a mobilidade social. Assim como a mudança de cultura e as estruturas sociais também são importantes assuntos da sociologia. Temos também os sistemas sociais, que são os métodos que regulam e estabelecem o comportamento social e a personalidade, que é o fator que molda e é moldado pela cultura[2].
 Ibn Khaldun, fundador da sociologia
Apesar de o pensamento social ser tão antigo quanto o próprio homem, o estudo das sociedades humanas se tornou um tema para uma ciência há pouco tempo. O estudioso muçulmano Ibn Khaldun foi o primeiro a estabelecer esta ciência e a independência de seus assuntos. Ibn Khaldun, disse em frases claras, que ele explorou uma ciência independente, sobre a qual nenhum de seus ancestrais falou. Ele diz: "Esta é uma ciência independente, tem o seu próprio objeto peculiar, que é a civilização humana, e a sociedade humana. E tem suas questões, que são explicar as condições que se prendem com a essência da civilização, um após o outro. Esta é a situação de todas as ciências, seja ela exata ou intelectual"[3].
E ainda acrescenta: "Saiba que a palavra deste objeto é uma nova produção, uma rara tendência, encontrado através de pesquisa e resultado de aprofundamento. É uma ciência inteiramente original. Na verdade, eu não me deparei com uma discussão nesse sentido por qualquer outra pessoa. Não sei se isso ocorreu por causa da desatenção deles sobre este assunto, e não é esta a minha suspeita sobre eles (de não ter tido conhecimento do mesmo). Ou talvez eles tenham escrito sobre o tema e sua obra não chegou até nós?"[4]
Ele ainda convidou os capacitados a completar o que ainda falta sobre esta ciência, dizendo: "Talvez quem vem depois de nós, auxiliado por Allah com um pensamento correto e um sólido conhecimento, se aprofunde em suas questões além daquilo que nós escrevemos. A pessoa que cria uma nova disciplina não tem a tarefa de enumerar todas as questões, mas sua tarefa consiste em especificar o assunto da ciência, suas várias ramificações e os debates relacionados com ele. E os seus sucessores, em seguida, podem adicionar gradualmente mais questões, pouco a pouco, até que a ciência se complete ".[5]
Além disso, al Muqaddimah de Ibn Khaldun (os Prolegômenos de Ibn Khaldun) abrangeu, pelo menos, sete ramos da sociologia moderna, as quais ele abordou de forma muito clara[6].
Apesar de tudo isto, e apesar do famoso sociólogo austríaco Ludwig Gumplowicz dizer que: "Nós queremos provar que, antes de August Count[7], e até mesmo antes de Giambattista Vico, que os italianos queriam fazer dele o primeiro sociólogo europeu, um muçulmano piedoso veio e estudou os fenômenos sociais com uma mente equilibrada e chegou a opiniões profundas neste assunto. O que esse erudito muçulmano escreveu é o que chamamos de sociologia hoje[8]. Apesar de tudo isso, a história da ciência da sociologia lembra o francês August Count como o primeiro fundador desta ciência e ignora totalmente o verdadeiro fundador desta ciência, que deixou claro que ele foi o primeiro a descobrir esta ciência[9].
Apenas os observadores têm testemunhado que August Comte assimilou muitas de suas teorias e opiniões de Muqaddimah Ibn Khaldun[10]. Ibn Khaldun é considerado um ponto de transformação na escrita da história humana e em sua fundação à sociologia, pois com isso ele agitou o pensamento humano global, colocando um novo plano e apresentando novas idéias e, ainda mais, estabeleceu novas leis que podem ser aplicados em todas as sociedades humanas partindo do fato de que o homem não pode viver, exceto em uma sociedade. E se ele vive em uma sociedade, ele deve viver com um povo, e se vive com um povo, terá que viver em um pedaço de terra. Para que essa relação permaneça entre essas pessoas, tribos ou grupos humanos, um governante deve organizar estas relações. E os tipos de governantes variam desde um governador simples (cacique, sheikh de uma tribo) até um governante absoluto, que conseguiu usar e explorar todos os meios que lhe foram preparados por esse conglomerado humano para se tornar um governante absoluto que pode estabelecer seu próprio Estado. Se este governante estabelece o Estado como previsto na teoria de Ibn Khaldun esse estado passa por diferentes fases, que darão certo na aplicação na vida real[11].
É importante, neste contexto, enfatizar algo sobre Ibn Khaldun, o fundador desta ciência. Ele é Abu Zayd Abd Al-Rahman ibn Khalid (Khaldun) Al-Hadrami, nascido na Tunísia, na primeira noite do Ramadan (732 dH). Ele se mudou para Fez, Granada, Tlemcen, Andaluzia e também para o Egito, onde ele foi homenageado pelo sultão do Egito Al Dhahir Barquq, foi nomeado juiz da escola Maliki de fiqh (uma das quatro escolas de jurisprudência islâmica). Ele permaneceu no Egito cerca de 25 anos (784-808 dH), onde ele morreu e foi sepultado aos 76 anos[12].
Ibn Khaldun foi criado em uma família de ciência e alta posição, memorizou o Alcorão Sagrado em sua infância. Seu pai foi seu primeiro professor e também estudo com os estudiosos famosos de sua época. Ele se dirigiu para vários cargos públicos depois que a maioria de seus professores morreram em uma epidemia de peste que atingiu seu país. Ele começou sua carreira política na chancelaria do governante tunisino Ibn Merin. No entanto, este trabalho não atendia às suas aspirações. Foi nomeado pelo sultão Abu Inan – rei do Marrocos – como membro de seu conselho científico em Fez. Então, lhe foi propiciado iniciar aulas nas mãos de sábios e literários que vieram para Fez da Tunísia, Andaluzia e dos países do oriente.
Mais tarde, Ibn Khaldun mudou-se para Granada deixando sua família em Fez. Depois, ele voltou para Wahran na Argélia para permanecer com a família no castelo Ibn Salama durante quatro anos. Daqui, ele começou seus primeiros escritos com seu livro: wa "Al-ibar fi Diwan Al-Mubtada wa Al-Khabar fi Ayyam Al-Arab wa Al-Ajam wa Al-Barbar wa man A'ssarahum min Dawiu Al-Sultan Al-Akbar" (As Lições no Registro do Sujeito e Predicado dos Dias dos árabes, estrangeiros e berberes e seus contemporâneos dotados de grande autoridade). A introdução deste livro é considerada a primeira e mais famosa introdução escrita sobre a sociologia, os assuntos da sociedade humana e suas leis. Neste preâmbulo, ele lidou com o que hoje é denominado “manifestações sociais” ou o que ele chama de “realidades da civilização humana” ou “situações da organização social humana”[13].
Muqaddimat Ibn Khaldun (Os prolegômenos de Ibn Khaldun)
Ibn Khaldun simplificou em sua Muqaddimah tudo o que tinha de conhecimento. Então, essa introdução veio muito preciosa e muito bem avançada à época em que foi escrita. Ela contém seis capítulos da seguinte forma:
Capítulo um: a civilização humana (equivalente à sociologia pública). Ibn Khaldun estudou os fenômenos da sociedade humana e as regras cursadas pelas sociedades.
Capítulo dois: a civilização beduína. Ele estudou a civilização beduína, revelando suas características mais destacadas e que é a origem da civilização urbana e é anterior a ele.
Capítulo três: sobre o Estado, o Califado e o Reinado (é equivalente à sociologia política). Ele explica neste capítulo, as regras de governança, os sistemas religiosos, entre outros.
Capítulo quatro: a civilização sedentária (ou o que chamamos de sociologia urbana). Neste capítulo, Ibn Khaldun, explica todos os fenômenos urbanos relacionados, as bases da civilização e que a civilização é o objetivo do urbanismo.
Capítulo cinco: sobre os ofícios, meios de sobrevivência e trabalho (equivalente à sociologia econômica). Ele estudou a influência das situações econômicas sobre as condições da sociedade.
Capítulo seis: sobre as ciências e sua aquisição (equivalente à sociologia da educação). Neste capítulo, Ibn Khaldun explica os fenômenos educacionais, os meios de aprendizado e classificação das ciências.
Ibn Khaldun também estudou a sociologia religiosa e legislativa, ligando entre a política e os valores morais[14].
Na verdade, ninguém antes de Ibn Khaldun estudou os fenômenos sociais de forma analítica, que produziu resultados como os produzidos pelo estudo de Ibn Khaldun, em especial porque este pensador muçulmano estudou estes fenômenos sociais a partir de sólidas e saudáveis fontes históricas, assim como os cientistas estudam física, química, matemática e astronomia. Ele é considerado o primeiro a submeter estes fenômenos sociais sujeitas a um método científico, empírico que o levaram a muitos fatos fixos que parecem leis. Assim, o que Ibn Khaldun atingiu de teorias, continuará sendo um trabalho pioneiro no campo dos estudos sociais na marcha do pensamento humano[15].


por Dr. Ragheb Elsergany
Tradução: Sh. Ahmad Mazloum

Notas
[1] Ahmad Zaki Badawi: Mujam Al Mostalahat Al Ijtemayah (Dicionário de termos sociais), p 4.
[2] Veja: Mansur Zuwayd al-Muta'iri: Al Seyaghah Al Islamyiah Lielm Al Ijtemaa, Al Dawaí wa Al Makan (A Apresentação Islâmica da Sociologia - razões e local), p 28, 29.
[3] Ibn Khaldun: Al-Muqaddimah 1 / 38.
[4] Idem: A mesma página.
[5] Ibn Khaldun: Al-Muqaddimah 1 / 588.
[6] Veja: Hasan al-Sa'ati: Ilm Al Ijtemaa Al Khalduni (Sociologia Khaldunista), p. 28-35.
[7] August Count (1789-1857): filósofo francês, fundador da filosofia positiva e fundador da sociologia ocidental. Sua obra principal é "Estudos sobre a Filosofia Positiva".
[8] Transferido de Mustafa al-Shaka'a: As fundações islâmicas no pensamento de Ibn Khaldun e suas teorias, p 198.
[9] Mansur Zuwayd al-Muta'iri: Al Seyaghah Al Islamyiah Lielm Al Ijtemaa, Al Dawaí wa Al Makan (A Apresentação Islâmica da Sociologia - razões e local), p 23, 34.
[10] Abd-al-Wahid Wafi: Dirassat Muqaddimah Ibn Khaldun, transferido de Abdallah Nasih Ilwan: Marcos da civilização no Islam e seus efeitos sobre o renascimento europeu, p 48.
[11] Suhilah Zain al-Abidin, Nazaryat Al Dawlah ind Ibn Khaldun (A teoria do Estado para Ibn Khaldun), revista Al Manar, números 75, 76, 77 – ano 1424 H.
[12] Al-Zirikli, Al-Alam 3 / 330.
[13] Al-Zirikli, Al-Alam, 3 / 330, Mustafa al-Shaka'a: As fundações islâmicas no pensamento de Ibn Khaldun e suas teorias, p 21 em diante.
[14] Veja: Nouman Abdul Razzaq Al-Sammiraí: Nós, a civilização e as testemunhas, 1 / 120.
[15]  Mustafa al-Shaka'a: As fundações islâmicas no pensamento de Ibn Khaldun e suas teorias, p 77, 78.

2. Anton Wilhelm Amo.


Anton Wilhelm Amo, trazido para a Europa, tornou-se um filósofo e um professor respeitado nas universidades de Halle an der Saale e de Jena na Alemanha. Foi o primeiro africano sub-saariano conhecido a frequentar uma universidade europeia.

Amo, Anton Wilhelm (1703? -1753)




Professor Africano na Alemanha em 1700 ...

Sculpture of Anton-Wilhelm Amo in Halle
Escultura de Anton Wilhelm Amo em Halle
Anton Wilhelm Amo era um respeitado filósofo alemão do Gana, que ensinou nas Universidades de Halle e de Jena, na Alemanha na década de 1730 ... É isso mesmo ... você leu bem, 1730! Este homem é dito ser o primeiro Africano a receber um doutorado de uma universidade europeia, e ensinar mais tarde lá. Quem era Anton Wilhelm Amo?
Anton Wilhelm Amo nasceu em 1703 em Awukena perto da cidade de Axim em Gana. Na tenra idade de 4, ele foi levado para Amsterdã; alguns relatos dizem que ele foi levado para a escravidão, outros que ele foi enviado para Amsterdam por um missionário com base em Gana. De qualquer maneira, ele foi dado como um presente para o Duque de Brunswick-Wolfenbüttel . Amo foi criado como um membro da família, e frequentou a Wolfenbüttel Ritter-Akademie 1717-1721, e depois a Universidade de Helmstedt 1721-1727. Ele também se reuniu com o grande matemático e filósofo alemão Gottfried Leibniz , que era um visitante freqüente do palácio Wolfenbüttel. Ele frequentou a escola de Direito da Universidade de Halle em1727, e terminou seus estudos preliminares em dois anos, no final da qual ele escreveu uma tese de dissertação intitulada "Os Direitos do mouros na Europa." Ele passou a outra filosofia de estudo e ganhar um doutorado em filosofia pela Universidade de Wittenberg , em 1734. Amo era um homem culto, e um verdadeiro poliglota como ele domina seis idiomas: francês, inglês, alemão, holandês, latim e grego.
Anton-Wilhelm Amo's Dissertation 1st Page (Source: www.jehsmith.com)
Dissertação de Anton Wilhelm Amo 1ª página (Fonte:http://www.jehsmith.com)
Ele foi nomeado professor de filosofia na Universidade de Halle em 1736, e foi por seu nome preferido Antonius Guilelmus Amo, Afer de Axim. Ele ensinou a psicologia, a "lei natural", eo sistema decimal. Em seguida, ele publicou o seu segundo grande trabalho: "Tratado sobre a arte de Philosophing precisa e sobriamente (Tractatus de Arte Sobrie et philosophandi Accurate). Em 1740, entrou para a Universidade de Jena em Jena, Alemanha central. Durante os primeiros anos do reinado de Frederico II da Prússia, Amo foi convidado para o tribunal em Berlim como um conselheiro do governo. Amo também foi eleito membro da Academia Holandesa de Flushing.
Havia um monte de mudanças sociais na Alemanha na década de 1740, e as pessoas estavam se tornando menos liberal, xenófobo, racista, eo próprio Amo foi objecto de ameaças públicas de seus ennemies. Eventualmente, Amo regressou à sua terra de nascimento, Gana e se acomodou em Axim, onde foi homenageado como um médico tradicional e trabalhou como um ourives (por algumas contas). Ele foi colocado para descansar em Fort San Sebastian, em Shama, no Gana, em 1759. Hoje, a Universidade de Halle-Wittenberg concede anualmente o prêmio Anton Wilhelm Amo aos estudantes merecedores. Há também uma estátua em Halle em sua honra. Este homem estava no momento pensado para estar entre os pensadores alemães mais importantes de seu tempo.
Fort San Sebastian or Fort Shama in Ghana, Henri Frey 1890
Fort San Sebastian ou Fort Shama em Gana, Henri Frey 1890
Para saber mais sobre este grande homem, confiraAnton Wilhelm Amo por Marilyn Sephocle (Journal of Black Studies Vol 23, No. 2, Edição Especial:.. A imagem da África na Sociedade Alemã (dezembro de 1992), pp 182- 187), Anton Wilhelm Amo da SUNY Buffalo, The Life and Times of Wilhelm Anton Amo por W. Abraham, Transações da Sociedade histórica do Gana 7 (1964) P. 60-81, Anton Wilhelm Rudolph Amo ,Anton Wilhelm Amo , um filósofo Ghanaia no século 18 Alemanha no blog de ​​Justin EH Smith, e, por últimoMês da História Negra na Europa 2007: o fantasma de Amo ., onde o autor do blogue faz perguntas muito comovente sobre a vida de Amo Toda vez que você pensar em África como o continente negro , ou pensar que os africanos eram analfabetos ou não tinham 'light', pense sobre Anton Wilhelm Amo o grande filósofo ganense-alemã de 1700 que ensinaram grandes mentes na Europa, e foi um dos filósofos alemães os mais proeminentes de seu tempo.