quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Angola

Orílẹ̀-èdè Olómìnira ilẹ̀ Àngólà.
República de Angola.


1. Como é  a cultura angolana?


A riqueza cultural de Angola manifesta-se em diferentes áreas. No artesanato, destaca-se a variedade de materiais utilizados. Através de estatuetas em madeira, instrumentos musicais, máscaras para danças rituais, objetos de uso comum, ricamente ornamentados, pinturas a óleo e areia, é comprovada a qualidade artística angolana, patente em museus, galerias de arte e feiras. Associado às festas tradicionais promovidas por etnias locais está também um grande valor cultural.A presença constante da dança no quotidiano é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização de estruturas rítmicas desde cedo. Iniciando-se pelo estreito contacto da criança com os movimentos da mãe (às costas da qual é transportada), esta ligação é fortalecida através da participação dos jovens nas diferentes celebrações sociais (os jovens são os que mais se envolvem), onde a dança se revela determinante enquanto fator de integração e preservação da identidade e do sentimento comunitário.

Neste particular, destaca-se algumas festas típicas em Angola:

a) Festas do Mar - estas festas tradicionais designadas por “Festas do Mar”, têm lugar na cidade do Namibe. Estas festas provêm de antiga tradição com carácter cultural, recreativo e desportivo. Realizam-se na época de verão e é habitual terem exposições de produtos relacionados com a agricultura, pescas, construção civil, petróleos e agro-pecuária;
b) Carnaval - o desfile principal realiza-se na avenida da marginal de Luanda. Vários corsos carnavalescos e corsos alegóricos desfilam numa das principais avenidas de Luanda e de Benguela;
c) Festa da Nossa Senhora da Muxima - o santuário da Muxima está localizado no Município da Kissama, Província de Luanda e durante todo o ano recebe milhares de fiéis. É uma festa muito popular que se realiza todos os anos e que inevitavelmente atrai inúmeros turistas, pelas suas características religiosas.

Depois de vários séculos de colonização portuguesa, Angola acabou por também sofrer misturas com outras culturas e a música anuncia a riqueza artística de Angola, com os ritmos do kizomba, semba, rebita, cabetula, kilapanga e os novos estilos, como o zouk e kuduro, a animar as noites africanas. As danças tradicionais assumem, paralelamente, a sua relevância, a par da gastronomia rica e variada. A literatura angolana tem origem no século XIX, com uma função marcadamente “intervencionista e panfletária de uma imprensa feita pelos nativos da terra”, sendo que a mesma reflete também a riqueza cultural do país. É a cultura que molda a imagem de Angola no mundo. Uma política cultural externa para a representação da diversidade cultural de Angola é, portanto, uma grande preocupação do Governo angolano.


2. O que o Brasil tem de semelhante com Angola?


       Os bantus angolanos influenciaram nossa cultura, dentre eles: os ambundos que falam o quimbundo e os bacongos que falam a língua quicongo. As heranças implantadas no Brasil se originam mais dos primeiros do que dos segundos. Isso se deve em função dos ambundos terem conquistado ao longo do tempo um suporte maior para se desenvolver culturalmente, já que viviam na capital angolana, local que estava em crescimento. 
       As etnias angolanas se misturaram nos navios negreiros a caminho do Brasil  e, no processo de escravização,  perderam partes de suas identidades, mesmo assim, traços de suas culturas sobreviveram. Palavras como “quitanda”, “cafuné”, “chamego” e “moleque” são derivadas do vocabulário de povos da região onde hoje está Angola.
      Nosso jeito de andar, gesticular, se comportar com os outros, com abraços e tapinhas nas costas são heranças africanas. É como dizia Gilberto Freyre, até no jeito de andar dos brancos, você encontra um pouco de África.
      O país também deve a Angola o nosso samba (expressão artística tipicamente brasileira). O samba nasceu do semba, angolano. Outros ritmos musicais afro-brasileiros de origem bantu são: o maracatu, o jongo e o batuque.
    Outro expoente da cultura nacional trazido pelos povos de Angola é a capoeira. A mais antiga das formas de jogar é batizada capoeira de Angola. O acompanhamento rítmico da capoeira de Angola e da capoeira regional, desenvolvida no Brasil pelo Mestre Bimba, em 1927, também é diferente. Enquanto a capoeira regional usa apenas um berimbau de afinação média, dois pandeiros e as palmas, a capoeira de Angola é mais diversificada e explora bastante a percussão. São três berimbaus, com três afinações diferentes – viola, médio e gonga (mais grave) –, atabaques, pandeiro, reco-reco e agogô.


3. O que você sabe a respeito de Mia Couto?

        Antônio Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu em 5 de Julho de 1955 na cidade da Beira em Moçambique. É um escritor, poeta, jornalista e biólogo moçambicano, que tem exercitado, na lapidação da palavra, a arte de reencantar o mundo. Dentre os muitos prêmios literários com os quais foi galardoado está o Prêmio Neustadt, tido como o "Nobel Americano" — Couto e João Cabral de Melo Neto foram os únicos escritores de língua portuguesa que receberam tal honraria.

       Mia Couto publicou os seus primeiros poemas no jornal Notícias da Beira, com 14 anos. Iniciava assim o seu percurso literário dentro de uma área específica da literatura – a poesia –, mas posteriormente viria a escrever as suas obras em prosa.

       É o único escritor africano que é membro da Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente, eleito em 1998, sendo o sexto ocupante da cadeira nº 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.

      Atualmente é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no exterior e um dos autores estrangeiros mais vendidos em Portugal. As suas obras são traduzidas e publicadas em 24 países. Várias das suas obras têm sido adaptadas ao teatro e cinema. Tem recebido vários prêmios nacionais e internacionais, por vários dos seus livros e pelo conjunto da sua obra literária.

      É, comparado a Gabriel Garcia Márquez e Guimarães Rosa. Seu romance Terra sonâmbula foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra e, em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas.


4. Que tipo de religião predomina m Angola?


          Por influência colonial, a maioria da população angolana professa a religião católica (41 %). As igrejas protestantes, todas juntas, perfazem 38 por cento da população: as igrejas batistas, enraizadas principalmente entre os bakongos, as metodistas, concentradas na área dos ambundos, e as congregacionais, implantadas entre os ovimbundos, para além das comunidades mais reduzidas de protestantes reformados e luteranos. Existem ainda as igrejas adventistas, as neo-apostólicas e um número de igrejas pentecostais, algumas das quais com forte influência brasileira. Há, finalmente, duas igrejas do tipo sincrético: as igrejas kimbanguistas com origem da República Democrática do Congo e as igrejas tocoístas.
        As congregações animistas também desempenham uma grande parte das crenças em Angola, no que diz respeito a religião e  totalizam um por cento da população. Porém, entre os cristãos encontram-se com alguma frequência crenças e costumes herdados das religiões tribais. No Brasil, herdamos religião tradicional angolana: o candomblé de Angola, a kabula e a umbanda.  Para os animistas, Zambi ou Zambiapongo não se trata de um inkice, mas sim, do Deus Supremo na cultura bantu. Zambi é o dono de tudo que há no mundo, ou seja, do ar, das florestas, rios, dos animais, dos mares, dos seres humanos, enfim, tudo. Mas, embora seja o criador de todas as coisas, Zambi não cuida diretamente dos homens, pois entregou o governo direto do mundo aos inkices que são espíritos dos antepassados.


5. Quais os tipos de comidas mais frequentes utilizados no dia a dia?

Há fartura de salada, arroz, feijão preto, mas que existem outros pratos típicos do país. "Eles comem muito frango, carne de boi, peixe e frutos do mar. Mas fazem uma feijoada diferente, com feijão branco. Comem peixe até com a cabeça e pratos como um que se chama fungi, feito de mandioca ou milho, parecido com fubá e polenta, só que muito mais consistente e sem tempero nenhum".


Pratos típicos: 
Fungi (massa cozida de farinha de milho ou de mandioca).
Muamba (preparada com galinha, carne seca ou peixe, acompanhada de quiabo e dendê).
Calulu (confeccionado com peixe seco e fresco ou com carne seca)
Cocada ( doce à base de coco)
Dinhangoa (bebida preparada com água, farinha de mandioca e açúcar)
Feijão com óleo de palma
Gonguenha (feijão, abóbora e caldo de ossos).
Moqueca.
Mututo (planta cujas folhas são preparadas como guisado, tempearado com tomate, cebola, alho e louro)
Mufete ( constituído por peixe grelhado (carapau, peixe galo ou cacusso), feijão de óleo de palma, mandioca, banana pão, batata-doce e farinha musseque, acompanhado por molho de cebola com vinagre, azeite doce, gindungo e uma pitada de sal).
Pirão.
Quibeba (guisado de choco, peixe, feijão ou carne seca, acompanhado de mandioca, batata-doce ou dinhungo)
Sumatena ou Súmate (peixe seco ou carne seca assado na brasa, com molho de água morna dinhungo)