segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Cidadania brasileira

 Irú mẹ́ta ọmọ ìlú ní ilẹ̀ Bràsíl.
Três tipos de cidadãos no Brasil.

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).


Irú, s. tipo, espécie, gênero, raça.

Mẹ́ta, num. Total de três.
Ọmọ ilú, ará ilú: cidadão.
, prep. No, na, em.
Ilẹ̀, s. Terra, solo, chão
Bràsíl, s. Pindorama, Brasil.

1. Cidadãos acima da lei.

     São pessoas que roubam o patrimônio público, cometem crimes e não são punidos pela lei. Nesta categoria de ladrões, temos juízes infratores que são premiados com aposentadoria compulsória, políticos com imunidade parlamentar para praticar crimes e fazendeiros que nunca são presos, quando matam indígenas e roubam suas terras.  São compostas de pessoas brancas, poderosas e ricas e que vivem num paraíso de prazeres e delícias, onde só há direitos e nenhum dever.

1. 1. Paraíso de prazeres e delícias para elite burguesa e governamental (corrupção sem limite, parasitismo, roubo do patrimônio público, altos salários e garantia de impunidade) 











2. Cidadãos protegidos pela lei.

  Categoria constituída por pessoas brancas (maioria), de classe média e portadores de direitos e deveres.  Quando comete algum delito e tem curso superior, goza do privilégio de "cela especial." Nas manifestações políticas, no máximo, são atingidos por armas não letais e balas de borracha. Além disso, nossa democracia foi criada para beneficiar este grupo.



2. 1. Brasil  carinhoso e democrático para classe média branca


3. Pessoas excluídas da lei.

Temos nesta categoria o homo sacer, ser  humano excluído de todos os direitos civis enquanto a sua vida é considerada "santa" em um sentido negativo.  Pode ser morto por qualquer um impunemente. Para eles, criaram-se ditaduras militares e   nazismos e, por isso, são perseguidos, torturados  e assassinados pela polícia militar  e pistoleiros do agronegócio e nenhum assassino é punido. 
Para reprimi-los, a polícia militar utiliza armas de guerra e balas de verdade, já que são apenas homo sacer (sem direitos civis). Quando comete algum delito, muitos são assassinados antes da prisão e as provas do crime ocultadas pela polícia. No Brasil atual, com democracia para classe média e branca, há dois grandes genocídios de homo sacer em curso: o genocídio guarani  kaiowá e o da juventude negra nas periferias, ambos com características nazistas e militares. Os homo sacer brasileiros são: guarani  kaiowá, indígenas tupinambá, mendigos, jovens negros, mestiços e favelados.




3. 1 -A Polícia Federal matou Adenilson Munduruku, no governo de Dilma Rousseff (aliada do agronegócio). Prática nazista exclusiva para homo sacer de origem indígena.



                                                                    



3. 2 - Polícia Federal sequestra criança Tupinambá no dia 06/02/2014, no governo de Dilma Rousseff. 




3.3 - Criança indígena queimada viva por madeireiros.




3.4 - Assassinato do Guarani Kaiowá Denilson Barbosa.





3. 5 - Genocídio e violência policial contra jovens negros ( Regime nazista exclusivo para homo sacer de origem negra)





3. 6 - Militarização das favelas no Rio de Janeiro ( Ditadura militar exclusiva para homo sacer favelado no Brasil).

Militarização de Manguinhos, RJ (foto: EBC)


Homo sapiens

Tani àwọn ọmọnìyàn?
Quem são os humanos?

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).

Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).


Tani, pron. interrog. Quem. É usado para pessoas e coisas vivas.
Àwọn, wọn pron. Eles, elas. Indicador de plural.
Ọmọnìyàn, ọmọ ènìyàn, s. Homo sapiens, raça humana, ser humano



sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Homo sacer brasileiro

Ọmọnìyàn mímọ́ ọmọorílẹ̀-èdè Bràsíl.
Homo sacer brasileiro.

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Ọmọnìyàn mímọ́, s. Homo sacer, homem santo.
Ọmọnìyàn, s. Homo sapiens, ser humano.
Mímọ́, adj. Limpo, puro, íntegro, sagrado.
Ọmọorílẹ̀-èdè Bràsíl, adj. e s. Brasileiro.
Orílẹ̀-èdè, s. Nação, país.
Orílẹ̀, s. Grupo de origem ou clã.
Èdè, s. Língua, idioma, dialeto, linguagem.

Bràsíl, s. Pindorama, Brasil, República Federativa do Brasil.

1. Definição de Homo sacer

Ser  humano excluído de todos os direitos civis, enquanto a sua vida é considerada "santa" em um sentido negativo.  Pode ser morto por qualquer um impunemente.

2. Homo sacer brasileiro.

A) Os guarani  kaiowá ( homo sacer) são assassinados pelos pistoleiros do agronegócio e nenhum assassino é punido.  Os assassinos não punidos porque são aliados do governo e da justiça brasileira.







b)  Jovens negros, mestiços e favelados (homo sacer) são assassinados pela polícia militar brasileira e nenhum policial é punido com rigor.








terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Hino nacional brasileiro em guarani

 Orin-ìyìn Onítọmọorílẹ̀-èdè Bràsíl ní èdè Guaraní.
Hino nacional brasileiro em guarani.



Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).

Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).


Orin-ìyìn Onítọmọorílẹ̀-èdè Bràsíl, s. Hino nacional brasileiro.
Torílẹ̀-èdè, adj. Nacional.
Ọmọ orílẹ̀-èdè Bràsíl, ọmọ ilẹ̀ Bràsíl, s. Brasileiro, brasileira.
Ti orílẹ̀ èdè Bràsíl, adj. Do Brasil; 
Tó jẹ́ ọmọ bíbí ilẹ̀ Bìràsílì, tó jẹ́ ọmọ bíbí ilẹ̀ Bràsíl, tí a bí ní ilẹ̀ Bràsíl, adj. Brasileiro, brasileira.
Obìnrin ọmọ Bràsíl, obìnrin ọmọ ilẹ̀ Bràsíl, obìnrin ará Bràsíl, obìnrin tó jẹ́ ọmọ bíbí ilẹ̀ Bràsíl, s. Brasileira.
Ọkùnrin ọmọ Bràsíl, ọkùnrin ilẹ̀ Bràsíl, ọkùnrin ará Bràsíl, ọkùnrin tó jẹ́ ọmọ bíbí ilẹ̀ Bràsíl, s. Homem Brasileiro.
Orílẹ̀-èdè Olómìnira Aparapọ̀ ilẹ̀ Bràsíl, s. República Federativa do Brasil.
Orin-ìyìn, s. Hino.
Orin, s. Cântico, uma cantiga.
Ìyìn, yínyìn, s. Louvor, apreço.
Orílẹ̀-èdè, s. Nação, país.
Orílẹ̀, s. Grupo de origem ou clã.
Èdè, s. Língua, idioma, dialeto, linguagem.
Olómìnira, adj. Independente.
Àpapọ̀, s. Soma, total, combinação, ato de unir, de juntar
Aparapọ̀, adj. Federativa.
Ilẹ̀ Bràsíl, Bràsíl, s. Brasil, Pindorama.
Ilẹ̀, s. Terra, solo, chão.


                 


Hino Nacional Brasileiro – Versão Guarani
Posted 16 maio, 2007

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
Onhe Hendu ypiranga gui hembe Kangy’i
Ouviram-se do Ipiranga as margens calmas

De um povo heróico o brado retumbante,
Xondáro sapukai omboryryi
O grito dos guerreiros estremeceu

E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Kuaray aça oexape vy nhanderesaka
O raio do sol brilhou ofuscante

Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Hendy pe arai re agu’i
Brilhou no céu nesse instante

Se o penhor dessa igualdade
Openhara joo raminguá
Se o penhor da igualdade

Conseguimos conquistar com braço forte,
Jyvá mbaraete py rogueru
Conseguimos trazer com braço forte

Em teu seio, ó Liberdade,
Ne kâmy teko vy’a
Em teu seio, a paz

Desafia o nosso peito a própria morte!
Nhande poxi’a oenoi nhane mano
Nosso peito chama a própria morte

Ó Pátria amada,
Yvy hayupy
Terra amada

Idolatrada,
Nhemboete
Respeitada,

Salve! Salve!
Oúma ! Oúma!
Saúdo! Saúdo!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
Pindorama nhe’em baraete overá hendy
Brasil, é a voz forte, raio reluzente

De amor e de esperança à terra desce,
Mborayu ha’e nhearô gui ywy oguejy
De amor e de esperança à terra desce

Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
Yvá porã py tory potim açy
No céu formoso, riso e límpido,


A imagem do Cruzeiro resplandece.
Kuruxú ra’ angaa hexakã
A imagem da cruz das estrelas resplandece

Gigante pela própria natureza,
Tuixa ojegui hae oíny há’epy
Grande pela própria natureza,

És belo, és forte, impávido colosso,
Iporã, hatã há’agaa ndaovaiguái
É bonito, é forte, a imagem é imcomparável

E o teu futuro espelha essa grandeza
Tuixa ojekuaa araka’ e verã
Aparece o grande futuro

Terra adorada,
Yvy porã
Terra bonita,

Entre outras mil,
Heta va’ egui
Entre outras muitas,

És tu, Brasil,
Ndee há’e
Você é,a

Ó Pátria amada!
Yvy hayupy
Terra amada!


Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Ko Yuy Ra’y kuery Gui xy Marangatu
Dos filhos desta terra é mãe gentil

Pátria amada,
Yvy hayupy
Terra amada,

Brasil!
Pindorama!
Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Onhenó Kuri peve Guarã Mondeapy
Deitado eternamente em colo da mãe,

Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Pará Guaçu Nhedu Ha’e yuá rexakã
O som do mar e a luz do céu,

Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Pindorama ojekuaa ve va’e “América” py
O Brasil que aparece mais na América,

Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Oexapé kuaray yuy pyau gui
Ilumina o sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Pe yvy iporã ve
Terra mais bonita


Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
Hory, nhuu dy porã heta vé yvoty
Seus risonhos, lindos campos e mais flores

Nossos bosques têm mais vida,
Nhande ka’aguypy oi ve tekove
Em nossa floresta tem mais vida,

Nossa vida no teu seio mais amores.
Orerekove nekã my roayuve
Nossa vida em teu seio mais amamos.

Ó Pátria amada,
Yvy hayupy
Terra amada,

Idolatrada,
Nhemboete
Respeitada,

Salve! Salve!
Oúma! Oúma!
Saúdo! Saúdo!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
Pindorama Mborayú guí que tojexauka
De amor do Brasil, que apareça

O lábaro que ostentas estrelado,
Hajukue jaxytata oexauká va’e
O pano que mostra estrelas,


E diga o verde-louro desta flâmula
Eré arapaxái hovy ko haju kue’ire
Diga o verde-louro deste paninho

Paz no futuro e glória no passado.
Vy’arã há’e aguyjevete yma guarere
Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Onhemopy’a ha’egui onhendu ratã
Mas, ergueu-se e clamou forte,

Verás que um filho teu não foge à luta,
Rexa’rã nde ra’y nonhai nherairõ gui
Verás que teu filho não fugirá da luta,

Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Ekyjeme de rayua nemanoa
Não tenha medo, quem te adora, própria morte.

Terra adorada
Yvy porã
Terra bonita

Entre outras mil,
Mbovy he’y va’egui
Entre outras muitas,

És tu, Brasil,
Ndee há’e
Você é, a


Ó Pátria amada!
Yvy hayupy
Terra amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Yuy ra’ygui ha’e xy marangatu
Dos filhos desta terra é mãe gentil

Pátria amada,
Yvy hayupy
Terra amada,

Brasil!
Pindorama!
Brasil!

Ouça em MP3

Versão Guarany: Cafuzo TuKumbó Dyeguaká ( Violonista Robson Miguel ) e Karay Tata’ Endy ( Basílio Silveira ) – Obs.: Eu, TuKumbó Dyeguaká apresento uma versão aproximada da letra original com rimas sonoras do meu povo Guarani considerando no dialeto a não existência das letras C, F, L, e 

Cantando para Nhanderú

Índia Tikuna Weena Miguel - Maracanade - Lindo Canto Indígena gravado em...

domingo, 18 de janeiro de 2015

Pena de morte na Indonésia e no Brasil

 Ìdálẹ́bi ikú ní ilẹ̀ Indonésíà àti Bràsíl.
Pena de morte na Indonésia e no Brasil.

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

                                                                                                         Ìdálẹ́bi, s. Condenação, reprovação, convicção. 

 Ọ̀rọ̀ ìdájọ́, s. pena, condenação.


Ikú, s. Morte.


, prep. No, na, em.


Ilẹ̀, s. Terra, solo, chão


Indonésíà, s. Indonésia.


Bràsíl, s. Brasil.


                                                                                                                                                                                                        1. Presidente indonésio rejeita pedido de Dilma para não executar brasileiros.

A Presidenta Dilma reiterou lamentar profundamente a decisão do Presidente Widodo de levar adiante a execução do brasileiro Marcos Archer, que vai gerar comoção no Brasil e terá repercussão negativa para a relação bilateral."










2 - Criança negra de 11 anos  é condenada à pena de morte no Brasil. Porém, não houve sensibilidade e nem pedido de clemência por parte do governo brasileiro para essa criança e nem para os demais jovens negros (82 por dia) que serão executados pela polícia militar brasileira. 







Bem vindo, 2015.
Sinceramente gostaria de um ano novo! na manhã desta última quinta feira, no Méier, zona norte do Rio de Janeiro, Patrick Ferreira de Queiroz, 11 anos, foi morto pela polícia. Ele completaria 12 anos no próximo sábado.
O caso foi registrado como auto de resistência. Segundo os policiais, na mochila de Patrick encontraram dinheiro, drogas, uma pistola e um rádio transmissor. Segundo Daniel de Queiroz, pai de Patrick, seu filho nunca esteve envolvido no tráfico, era medroso e estava matriculado na escola.
Boa parte dos jornais e rádios trataram do assunto no dia de hoje. O debate foi marcado fundamentalmente sobre a possibilidade de Patrick estar ou não envolvido com o tráfico. Isso de alguma maneira poderia nos trazer certo conforto ou naturalização perante mais uma morte?

Inacreditável!!!!!! Estamos diante de uma tragédia! Sim, uma TRAGÉDIA!!!!! Tragédia na manchete do jornal Extra que já crava a condenação do menino como traficante, tragédia na centralidade do debate sobre o envolvimento ou não do menino com o crime. Se Patrick estava no trafico temos uma tragédia, se ele não estava e foi morto temos uma tragédia, se os policiais forjaram o auto de resistência temos uma tragédia, se ele foi confundido e morto temos uma tragédia. Não existe possibilidade do caso ser tratado com qualquer grau de normalidade. Estamos falando de uma criança de 11 anos de idade.É isso! uma criança de 11 anos de idade perdeu a vida desta forma. Na sua mochila deveria ter livros, lápis, caderno e sonhos.

No último mapa da violência, registramos 56 mil homicídios no ano, dos quais 30 mil são de jovens, sendo que 77% desses são negros. Vivemos um genocídio sobre a população jovem e negra. Esse debate não pode continuar sendo secundário diante da criminalização das vitimas como forma de se naturalizar a barbárie. Lembro perfeitamente de uma mãe que certo dia entrou na comissão de direitos humanos da ALERJ, olhou nos meus olhos e disse " mataram o meu filho e ele nem era bandido". Na hora não sabia o que dizer para aquela pessoa completamente destruída. O que ela queria me dizer é que se fosse bandido, ela não estaria ali. Triste, muito triste.
Sinceramente, acho muito pouco provável que consigamos esclarecer o que realmente aconteceu nesta manhã de quinta. Fato é que perdemos mais uma criança para a barbárie, mais uma vida. Perdemos também a chance de darmos um trato mais digno ao assunto, olharmos de forma mais pedagógica e menos criminalizadora da pobreza. Talvez o maior problema do mundo hoje não seja o da ameaça à liberdade de expressão, mas o da nossa responsabilidade diante desta "liberdade". O mundo vai além do que cabe nas páginas dos nossos jornais. Que venha 2015.
Por Marcelo Freixo


3.  Não há sensibilidade e nem pedido de clemência por parte do governo brasileiro para os indígenas que serão executados por pena de morte no Brasil.    

    


NOTA PÚBLICA DA ATY GUASU É PARA TODAS AUTORIDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS


mulheres kaiowas 

mulhereskaiowas 2


foto: solidariedadeguaranikaiowa


Esta nota da Aty Guasu Guarani e Kaiowa visa destacar as formas de julgamento e a condenação dos integrantes dos povos indígenas no Brasil pela outra “justiça financiada” dos fazendeiros e, sobretudo condenação das lideranças indígenas de frente pelos pistoleiros dos anti-indígenas, os fazendeiros, políticos, etc. Essas condenações foram e são promovidas pela outra “justiça” só dos fazendeiros no atual Brasil que já julgaram, condenaram e ainda condenam os povos e as lideranças indígenas à pena da morte e genocida no Brasil. Essa condenação histórica dos povos indígenas do atual Estado da Bahia e do litoral às mortes já foi registrada como o maior genocida da história da humanidade que perdura até os dias de hoje. Os mandantes e autores desse maior genocida da humanidade não são punidos pela justiça nacional e internacional.


Em primeiro lugar destacamos que os julgamentos e as condenações dessa outra “justiça” dos fazendeiros são mais céleres do que Justiça Federal e Tribunais Federais normais do Brasil, por exemplo, no Estado da Bahia, nos últimos quinze dias, os pistoleiros contratados através dessa outra justiça dos fazendeiros começaram a julgar e condenar os integrantes de povo Tupinambá e quaisquer índios no Estado da Bahia-Brasil. Como revela a sessão de interrogatório dos pistoleiros em que foi submetido um professor indígena universitário, após incendiar o carro oficial do governo federal, os pistoleiros começaram a interrogar o professor indígena, na mira da arma de fogo. 


Pistoleiros de outra justiça dos fazendeiros interrogam assim:


Você é índio, né?

- Sou Kayapó, não sou daqui da Bahia.
Mas você é índio, né?
-Sou, sou Kayapó, sou da amazônia.
O que você tá fazendo aqui?
- Sou professor do IFBA, trabalho na Licenciatura Intercultural Indígena.
Você é amigo deles.
Você está preparado pra morrer?
- (silencio)
(barulho do gatilho da arma…Não disparou)
Vá embora, nem olhe para trás”.

De forma igual, os pistoleiros das fazendas condenam à genocida e pena da morte os povos indígenas Guarani e Kaiowá no Estado de Mato Grosso do Sul.


Uma liderança Guarani e Kaiowa, em maio de 2012 foi interrogado pelos pistoleiros das fazendas na mira da arma de fogo.


Líder Tonico Benites Guarani Kaiowa relata à polícia federal assim:


Hoje de manhã, sexta-feira [06/04/2012], às 10h20, na estrada pública, um homem não índio, com dois revólveres na mão cercou a estrada e me mandou parar o carro, pedindo para eu descer dele. 

O homem começou a me interrogar. O que veio fazer por aqui?!, conta? Hoje vamos conversar seriamente!” 

Respondi: “Vim visitar meus parentes aqui na aldeia”.


Ele falou: “É só isso?” respondi que sim. O homem, ao ouvir o choro da criança e mulher, falou-me naturalmente: “Você tem filhos e esposa, né? Gosta dela e de teus filhos? hein?! fala?” Respondi que sim. 

Então ele passou me ameaçar: “Você vai perder tudo, ela que você ama e filhos que gosta, vai perder, Vai perder carro. Vai perder dinheiro. Tudo você vai perder. Você quer perder tudo? Você quer perder tudo?”, ele repetiu várias vezes essas pergunta. Respondi: “Não! ” 

Pediu-me várias vezes para não voltar mais àquela aldeia e região. “Se você promete que nunca mais vai voltar por aqui vou soltar você vivo. Respondi: “Sim, sim!”. 


Ele falou: “Não estou não sozinho não”; “SOMOS MUITOS”.


Ele julgou-me: “Você não está fazendo o trabalho que presta, sabia não? Invadindo fazendas!”, referindo-se à luta pela recuperação da terra indígena e pesquisa antropológica.

Pediu para eu não contar para autoridade, não! Ele me falou: “Vai embora daqui! Nunca mais quero ver você por aqui.” Por último, disse: “Vou ficar de olho em você, hein?!”. E tirou o dedo do gatilho do revolver.

Lamentamos muito que, nos últimos trintas anos, centenas de lideranças dos povos indígenas Guarani e Kaiowa, Tupinamba, Terena, entre outras foram interrogadas e condenadas à morte de forma imediata pelos pistoleiros vinculados à outra “justiça” dos fazendeiros, isto é, o gatilho da arma de fogo foi covardemente apertado em direção das vidas das lideranças indígenas na frente de suas comunidades.


Os integrantes da comunidade Guarani e Kaiowa liderada pelo cacique Nisio Gomes lembram em detalhe as formas de interrogação e condenação à pena da morte do Nisio realizadas pelos pistoleiros das fazendas, no dia 18 de novembro de 2011, às 06h30min no tekoha Guaiviry-Aral Moreira-MS-Brasil. Um das testemunhas reproduz a pergunta dos pistoleiros e a resposta do cacique Nisio Gomes. Segue os trechos.


Chegaram vários os pistoleiros armados à barraca do cacique Nisio, pegaram e interrogaram e condenaram à morte o nosso cacique em nossa frente. 


Nas miras de várias armas de fogo, um pistoleiro perguntou: “você é o cacique Nisio?” Nisio respondeu: “Sim, eu mesmo sou cacique Nisio”, “o que vocês querem comigo?” perguntou o Nisio. Um pistoleiro falou: “Vimos matar você e expulsar todos os índios daqui, agora”. “Já avisamos bem você antes, quando invadisse as fazendas você iria morrer”. Diante disso, nosso cacique Nisio respondeu: “Sim, voltei a minha terra para morrer, pode me matar, mas não matem todas minhas crianças, elas precisam viver”. Nesse momento, um homem pediu ao Cacique Nisio a se render e ficasse parado na frente das famílias e comunidade. Um homem começou a falar para nós, assim: “todos os índios daqui vão morrer”, “vocês têm que sair correndo agora daqui”. Cacique Nisio antes de morrer, pediu: “não é para abandonar a nossa terra”. Essa é última palavra que cacique Nisio pediu. Nisio queria falar mais, mas um homem julgou, condenou e ordenou a matar o cacique Nisio, o condenando: “Atira logo! Atira! Mata! Mata logo!”. “Um homem atirou e acertou bem no peito e na cabeça do Nisio Gomes”. “Assim, os pistoleiros condenaram e assassinaram o nosso cacique Nisio em nossa frente”. “Na sequencia, passaram a atirar sem parar em direção das crianças, mulheres, idosos (as), no momento em que arrastaram o corpo do cacique Nisio e carregaram na caminhonete e foram embora”. “Até hoje, não foi encontrado o corpo do nosso cacique”.


Importa destacar que outras lideranças Guarani e Kaiowa sofreram e foram pegos interrogados e assassinados pelos pistoleiros das fazendas, de modo similar ao cacique Nisio Gomes, como as lideranças Guarani e Kaiowa Marçal Tupã’i, Marco Veron, Dorival Benites, Dorvalino Rocha, Genivaldo Vera, Rolindo Vera, Samuel Martins, Xurite Lopes, Ortiz Lopes, entre outras lideranças dos povos indígenas no Brasil. Mais uma vez, pedimos à Justiça Federal normal do Brasil a o julgamento e punição aos pistoleiros assassinos dos líderes indígenas no Brasil.

Em geral, as comunidades indígenas no Brasil são condenadas à genocida e as lideranças foram condenadas à pena da morte por lutar pela recuperação de terras indígenas tradicionais. É mais lamentável que a Justiça Federal normal do Brasil não julga os fazendeiros mandantes e os pistoleiros dessa outra “justiça ilegal” dos fazendeiros e anti-indígenas que a década atua e opera em todas as partes do Brasil, condenando os povos indígenas à genocida no Brasil.

Mais uma vez, repudiamos a ação genocida dos pistoleiros das fazendas no Brasil.


Aguardamos a posição urgente da Justiça Federal normal do Brasil frente à atuação dos pistoleiros vinculada á outra justiça ilegal dos anti-indígenas contra o povo Tupinamba, Guarani, Kaiowá, Terena, Kadweu, etc.




Aty Guasu – Grande Assembleia Guarani-Kaiowá, Dourados, MS, jul/2013. Foto: Egon Heck/Cimi

Atenciosamente,

Tekoha Guasu Guaranie Kaiowa, 08 de setembro de 2013

Aty Guasu contra o genocídio