sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Hino do Candomblé

Orin-ìyìn ti  Kandomblé.
Hino do candomblé. 
                                                       



quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Álcool

Kọfí ti ìmòye: ọtí líle oògùn ti òfin náà.
Café filosófico: Álcool a droga legalizada.
                                                  



Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Kọfí, s. Café (do inglês coffee).
Ti, prep. De (indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido.
Ìmòye, s. Filosofia.
Ti ìmòye, adj. Filosófico.
Ọtí, ọtí mímu, ọtí líle, s. Álcool.
Oògùn, egbògi, s. Droga, medicamento, remédio.
Náà, pron. dem. Aquele, aquela, aquilo.
Náà, art. O, a, os, as. 
Náà, adv. e conj. pré-v. Também, o mesmo.
Gẹ́gẹ́ bí òfin, ti òfin, adj. Legal, legalizado.
Gẹ́gẹ́ bí, conj. De acordo com, assim, exatamente.

                       


Drogas

 Kọfí ti ìmòye: Àwọn oògùn.
Café filosófico: Drogas.
                                         

    

Resultado de imagem para Drogas
Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Kọfí, s. Café (do inglês coffee).
Ti, prep. De (indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido.
Ìmòye, s. Filosofia.
Ti ìmòye, adj. Filosófico.
Oògùn, egbògi, s. Droga, medicamento, remédio.

                             

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Trabalho de Filosofia sobre Drogas

 Iṣẹ́ ti ìmòye lórí àwọn oògùn.
Trabalho de filosofia sobre drogas.

cachorro

                                                                                                                                                                  Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).
                                                                                  Iṣẹ́, ìsìnrú, s. Trabalho.
Ti, prep. De (indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido.
Ìmòye, s. Filosofia.
Lórí, lérí, prep. Sobre, em cima de.
Àwọn, wọn, pron. Eles, elas. Indicador de plural.
Oògùn, egbògi, s. Droga, medicamento, remédio.

   

Rap

 Ìmòye orin rap.
Filosofia rap.




Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Ìmòye, s. Filosofia.
Orin hip hop, s. Hip hop. 
Orin rap, s. Rap. 
Ìmòye, s. Filosofia.
Ghẹtto, s. Gueto.
Ìmòye ti ghẹtto, s. Filosofia do gueto.
                                                   

Drogas

Àwọn oògùn àti ọpọlọ.
Drogas e cérebro.



Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

                                                      
Àwọn, wọn, pron. Eles, elas. Indicador de plural.
 Oògùn, egbògi, s. Droga, medicamento, remédio.
Àti, conj. E. Usada entre dois nomes, mas não liga verbos.
Ọpọlọ, s. Cérebro.                                                                                                                                                                
Drogas e Cérebro: Filosofia NeuroFarmacológica



«Depois de haver devastado a natureza que o rodeia, o Homem não está a arruinar o seu próprio cérebro? Um único número, o do consumo de um dos medicamentos mais vendidos no Mundo: as benzodiazepinas, revela a urgência do problema. Estes tranquilizantes secundários actuam ao nível do receptor cerebral de um neurotransmissor inibidor, o ácido gama-aminobutírico. Exaltando o seu efeito, acalmam a angústia e induzem o sono. São vendidas sete milhões de caixas por mês em França e registam-se vendas comparáveis na maior parte dos países industrializados. Terá o Homem moderno necessidade de adormecer para poder suportar os efeitos de um meio ambiente que ele próprio criou? É altura de encarar o problema com seriedade.» (Jean-Pierre Changeux)

Encarar este problema da necessidade humana de adormecer para poder suportar a sociedade capitalista em que vivemos é tarefa da Filosofia Médica: o homem enquanto ser-sem-abrigo necessita de drogas para controlar a sua angústia essencial. A necessidade de adormecer e de controlar a ansiedade é tão antiga quanto o próprio homem. Não é, portanto, uma invenção das sociedades industrializadas, como supõe Changeux, mas um traço estrutural da natureza humana: o capitalismo comercializou esta necessidade humana e fez dela uma grande indústria lucrativa - o vasto sector das indústrias farmacêuticas. Ao longo da sua história, os homens têm ingerido todos os tipos de substâncias - animais, vegetais ou minerais. A partir destas experiências, aprenderam a consumir certas substâncias e a evitar outras. Os costumes sociais e os códigos dietéticos evoluíram de modo a assegurar a protecção dos indivíduos contra o consumo de produtos perigosos. Esta longa história de pesquisas, de testes e de utilização de diversas substâncias, não provém somente da necessidade de nutrição, mas também da necessidade de aliviar a dor, de controlar a ansiedade e de obter prazer. Diversas são as drogas que podem satisfazer estas necessidades humanas, mas algumas delas também podem provocar um estado de dependência ou mesmo induzir estados psicóticos ou de pânico. O consumo de drogas está de tal modo estendido no tempo e no espaço que podemos definir o homem como um animal consumidor de drogas. B. E. Leonard (1992) forjou a feliz expressão - «o animal que ingere drogas» para definir o homem no seu tratado Fundamentals of Phychopharmacology, mas R. Siegel (1973, 1989) procurou contrariar esta noção antropológica, alegando que muitos outros animais fazem o mesmo. Hugh Brown (1974) denunciou o antropomorfismo subjacente à descrição dos modelos animais apresentados por R. Siegel, o que nos permite elaborar e afinar a noção de homem como animal consumidor de drogas, não só de substâncias químicas que têm efeitos terapêuticos sobre as perturbações ou sobre os seus sintomas, mas também e sobretudo de substâncias químicas que tendem a criar abuso nos indivíduos, como a heroína e a cocaína. As antropologias filosóficas têm dedicado todo o seu tempo a definir os atributos que distinguem o homem dos outros animais: os modelos propostos afirmam que o homem é o único animal que cozinha os seus alimentos, que tem uma linguagem, que pratica a religião, que mata por prazer, que pode alterar o seu meio ambiente, que tem consciência de si próprio, que sabe que vai morrer ou que está preocupado com o sexo todos os dias do ano. Apesar de todos estes comportamentos serem importantes para definir o especificamente humano, há outro comportamento - o de consumir drogas - que nunca foi enunciado por estes modelos bio-antropo-filosóficos. De todos os comportamentos referidos este é aquele que mais manifesta o fenómeno da mente humana: o homem é o único animal que toma intencionalmente substâncias químicas por razões que não têm nada a ver com as necessidades nutritivas. As drogas são ingeridas pelo homem para tratar as doenças e para alterar a sua mente e o seu corpo. As últimas drogas são provavelmente aquelas que mais interessam à antropologia fundamental: o homem utiliza drogas em si mesmo para alterar os seus estados mentais - sensações, percepções, emoções, motivação, consciência, personalidade e sociabilidade. E, para se alterar a si próprio, manipula quimicamente todas as facetas do funcionamento heterotrófico ou todas as operações relativas à sua integração no meio ambiente - físico e social. O homem muda a realidade, e muito particularmente a realidade desagradável, para a ajustar às suas mais diversas necessidades. Em 1973, E. J. Simon, S. H. Snyder e L. Terenius descobriram os receptores para os opiácios e esta descoberta conduziu em 1975 ao isolamento de dois pequenos péptidos, as encefalinas, que interagem com esses receptores (John Hughes & Hans Kosterlitz, 1975). As encefalinas inauguraram a descoberta dos opiopéptidos, grupo posteriormente enriquecido com a descoberta da família das endorfinas e das endomorfinas, péptidos endógenos que controlam a dor. Existem três tipos de receptores aos opiácios: os receptores delta (Evans et al., 1992), os receptores kappa (Yasuda et al., 1993) e os receptores mu (Wang et al., 1993). Este conjunto de descobertas é suficiente para mostrar que o cérebro humano produz substâncias endógenas - a sua própria morfina, neste caso - para controlar a dor e outros estados psicológicos: as substâncias químicas exógenas usam a mesma maquinaria neural para produzir alterações dos estados mentais. O cérebro que se droga com as suas próprias substâncias químicas endógenas está preparado para sofrer a acção de drogas exógenas. A apetência pela adição exibida pelo cérebro humano articula-se com a morte e com o sexo de um modo que ainda não pretendo explicitar. Porém, ao utilizar o conceito de apetência pela adição, escapei ao domínio da psicofarmacologia - o estudo dos efeitos dos fármacos sobre o sistema nervoso e sobre os comportamentos - para entrar noutros domínios das neurociências: o conceito de adição deve ser definido de modo a abranger não só a dependência criada pelas substâncias químicas, mas também as dependências comportamentais e tecnológicas. Deste modo, podemos definir literalmente a religião como ópio, tal como fez Marx, ou mesmo definir o amor como adição. O carácter estruturalmente aditivo de todos os comportamentos institucionais do homem decorre da sua condição de ser-sem-abrigo: lançado num mundo hostil que não escolheu e sabendo que vive em vão, porque da morte não pode escapar, o homem precisa literalmente de diversas drogas para enfrentar a hostilidade de um mundo e de uma vida que não lhe pertencem. Quando refere a necessidade de adormecer a mente consciente e desperta para suportar os efeitos nefastos da sociedade capitalista, Changeux sabia que o comportamento de consumir drogas revelava uma grande quantidade de informação sobre a mente no mundo alienado de hoje: a sociedade que combate a nicotina é a mesma sociedade que, pela sua irracionalidade estrutural, leva os homens a consumir substâncias químicas exógenas que produzem abuso, dependência e habituação, tais como o álcool, os opiácios (morfina, heroína, codeína e metadona), os estimulantes (cocaína e anfetaminas), os alucinogénios (LSD, mescalina, cannabis e haxixe) e os solventes orgânicos. Paul A. Baran & Paul M. Sweezy mostraram como a racionalização dos processos da economia capitalista e a impregnação de todos os aspectos do mundo da vida pelo cálculo comprimiram de tal modo o homem que fizeram dele um produto padronizado e sistematicamente controlado por meio de levantamentos estatísticos realizados por departamentos especializados: o mal-estar produzido pelo sistema irracional que é o capitalismo priva o trabalho de sentido, transforma o lazer em preguiça sem alegria, atinge fatalmente o sistema educativo e as condições de desenvolvimento sadio dos jovens, transforma a religião e a igreja em veículos comercializados de fuga à solidão e destrói a base da sociedade, a família, além de mutilar afectivamente o indivíduo, de atrofiar a sua vida sexual e de o entregar aos cuidados psiquiátricos. A irracionalidade da sociedade capitalista nega ao homem - sobretudo aos mais jovens - tudo aquilo que lhe permitia enfrentar a vida e o mundo sem recurso abusivo a drogas exógenas. O ser que consome drogas para controlar a angústia existencial é forçado a adormecer - ou a hiperestimular - a sua mente para suportar o capitalismo: o capitalismo não inventou a apetência pela adição; o que ele fez foi privar o homem das suas adições naturais, levando-o a consumir novas drogas, em especial os ansiolíticos (tranquilizantes), os sedativos e os hipnóticos, por um lado, e as drogas de abuso, por outro, que o sistema no seu conjunto comercializa com lucro. Para mostrar a especificidade deste comportamento humano de consumir drogas, basta referir o paralelismo entre o poder de uma droga que provoca um comportamento de auto-administração no animal e a sua tendência para induzir uma maior dependência psicológica no homem. No domínio das drogas, não convém extrapolar sistematicamente observações realizadas no animal para os domínios do homem: o comportamento de um animal torna-se rapidamente normal depois da abstenção da droga, enquanto que no homem a perturbação da síndrome de abstinência fica durante mais tempo. Esta diferença mostra que a dependência é um traço próprio do homem, tanto na sua componente psicológica, como na sua componente sociocultural. No homem, o consumo da droga é um sintoma da angústia profunda do indivíduo mortal, da sua ansiedade insuportável e da sua dor existencial. O homem precisa ser anestesiado por produtos de todos os tipos para suportar viver num mundo hostil que não lhe pertence. A irracionalidade da economia capitalista é de tal modo necrófila que, privando os seus indivíduos dos escudos protectores naturais e das drogas que não viciam, para os lançar nessa selva que é o mercado auto-regulado (sic), os leva a passar facilmente do simples uso para um verdadeiro abuso das drogas. A farmacologia confronta-se aqui com o homem na sua especificidade, com as suas pulsões, os seus desejos, os seus medos, enfim as suas fraquezas, que o capitalismo manipula e explora para garantir a sua perpetuação, mesmo que isso implique a devastação da natureza e a dominação do próprio homem. O abuso das drogas testemunha não só o desajustamento dos indivíduos em relação a uma realidade que lhes nega a dignidade de uma vida sem angústia, como também o fracasso histórico do capitalismo que está a conduzir a humanidade até ao abismo. É certo que, ao alterarem a experiência que cada um dos seus utilizadores tem do mundo, as drogas produzem algum tipo de ajustamento, mas este ajustamento não liberta a humanidade da catástrofe iminente, pela qual devemos responsabilizar o capitalismo e os seus agentes económicos. A neurofarmacologia deve proteger-se do uso que o capitalismo pode fazer das suas descobertas científicas: o facto das operações mentais serem mediadas quimicamente pode levar o capitalismo a querer controlar quimicamente a mente dos homens, mesmo que isso implique o fim da aventura humana sobre a terra. No quadro global do capitalismo enlouquecido, nenhuma revolução científica - incluindo a revolução psicofarmacológica (Caldwell, 1970) - está a salvo do impulso necrófilo que o move.


O alargamento conceptual da adição - aqui referido - exige uma reformulação alargada da neurofarmacologia ou, pelo menos, a exposição exaustiva dos seus princípios fundamentais, tarefa que não irei levar a cabo neste estudo. A palavra grega pharmacon, que está na raiz de farmacologia, tem três significações diferentes: ser um amuleto, isto é, um objecto dotado de poder mágico (1), um veneno (2) e um remédio ou medicamento (3). Estes três sentidos sugerem desde logo a extensão e a complexidade da neurofarmacologia, mas, para restringir o seu âmbito objectual, usarei a palavra fármaco - ou droga - para designar uma substância química exógena que, não sendo necessária para o funcionamento celular normal, altera significativamente as funções de algumas células do organismo quando é tomada em doses relativamente baixas. A neurofarmacologia estuda unicamente as substâncias químicas que alteram as funções das células do sistema nervoso: as drogas que nos interessam têm efeitos e lugares ou sítios de acção no sistema nervoso. Os efeitos farmacológicos são as alterações que podem ser observadas nos processos fisiológicos de um organismo e nos seus comportamentos. Os lugares de acção são os sítios onde as moléculas das drogas interagem com moléculas localizadas na membrana ou no interior das células do organismo, afectando deste modo alguns dos seus processos bioquímicos. Ora, para exercer os seus efeitos, as drogas devem alcançar os seus lugares de acção: as moléculas da substância química exógena devem entrar dentro do organismo e, desde logo, na corrente sanguínea, para poder ser transportadas até ao órgão ou aos órgãos sobre os quais exercem os seus efeitos. Para entrar dentro do sistema nervoso e alcançar aí os seus lugares de acção, as moléculas das drogas devem atravessar uma série de barreiras, entre as quais a barreira hematoencefálica. A farmacocinética estuda o processo pelo qual as drogas são absorvidas, distribuídas pelo organismo, metabolizadas e excretadas pela urina e/ou pelas fezes. As drogas podem ser administradas por injecção intravenosa, intraperitoneal, intramuscular e subcutânea. Ou então podem ser administradas por via oral, sublingual, rectal, por inalação e topicamente. Além disso, em casos especiais, podem ser administradas por via intracerebral ou intracerebroventricular. As drogas lipossolúveis atravessam com facilidade a barreira hematoencefálica. Outras substâncias químicas exógenas atravessam esta barreira de modo muito lento e algumas não conseguem atravessá-la. Com a excepção da injecção intravenosa, os cursos temporais das outras vias de administração de drogas são diferentes. Quando atingem a corrente sanguínea, as moléculas das drogas podem unir-se à albumina e ligar-se a depósitos de armazenamento no tecido adiposo, nos músculos e nos ossos. Por fim, as substâncias químicas exógenas desaparecem completamente do organismo: algumas são inactivadas por enzimas, especialmente no fígado, e outras são simplesmente excretadas pela via urinária e/ou fecal. A curva dose-resposta representa a efectividade ou a eficácia do fármaco, relacionando a quantidade administrada - geralmente em mg/kg de peso corporal do sujeito - com o efeito resultante. A maior parte das substâncias químicas exógenas têm mais de um lugar de acção e, por isso, mais de um efeito. A segurança de um fármaco mede-se pela diferença entre as doses que produzem efeitos desejáveis e as doses que geram efeitos secundários adversos ou mesmo letais. As substâncias químicas exógenas têm efectividades diferentes devido à natureza dos seus lugares de acção e à afinidade entre as suas moléculas e os seus lugares específicos de acção. A administração repetida de uma droga causa tolerância, um fenómeno de ordem fisiológica que se traduz pela necessidade de aumentar progressivamente a dose de droga consumida para manter os efeitos que ela provoca. Quando se administra uma droga repetidamente, os seus efeitos não se mantêm constantes: umas vezes diminuem (tolerância), outras vezes tornam-se progressivamente mais eficazes (sensibilização). Porém, quando interrompe a administração de uma droga, como por exemplo um opiácio, o indivíduo sofre de sintomas de abstinência. Estes sintomas consistem basicamente em efeitos opostos à droga tomada regularmente. Assim, por exemplo, a heroína produz euforia e a sua abstinência produz disforia (ansiedade insuportável): a heroína produz obstipação e a sua abstinência produz náuseas e cãibras; enfim, a heroína produz relaxação e a sua abstinência produz inquietude. A tolerância pode ser causada pela diminuição da afinidade da droga com os seus receptores, pela redução do número de receptores ou pela diminuição do acoplamento dos receptores com as etapas bioquímicas que controla. Além disso, alguns efeitos de uma droga podem induzir tolerância, enquanto que outros induzem sensibilização.


Todas as drogas psicoactivas actuam sobre o sistema nervoso, interferindo com a transmissão sináptica química. Muitas dessas drogas de abuso actuam directamente sobre os sistemas moduladores, nomeadamente os sistemas noradrenérgico, dopaminérgico e serotoninérgico. O processo de transmissão sináptica supõe a síntese da substância transmissora, o seu armazenamento em vesículas sinápticas, a sua libertação na fenda sináptica, a sua interacção com receptores pós-sinápticos e a consequente abertura dos canais iónicos na membrana pós-sináptica. Os efeitos da substância transmissora terminam através da sua recaptação pelo botão terminal ou, no caso da acetilcolina, mediante a inactivação enzimática. Cada uma das etapas da transmissão sináptica pode ser afectada pelas drogas ou fármacos que actuam como antagonistas, e algumas podem ser estimuladas pelas substâncias exógenas que actuam como agonistas. As substâncias antagonistas são aquelas que bloqueiam ou inibem os efeitos pós-sinápticos. As substâncias agonistas são aquelas que facilitam os efeitos pós-sinápticos. Deste modo, as substâncias exógenas podem aumentar a quantidade do precursor disponível, bloquear as enzimas que intervêm na biossíntese, impedir o armazenamento da substância transmissora nas vesículas sinápticas, estimular ou bloquear os receptores pós-sinápticos, atrasar a recaptação, ou inactivar as enzimas que destroem a substância transmissora. As drogas que activam os receptores pós-sinápticos actuam como agonistas, enquanto que as drogas que activam auto-receptores pré-sinápticos actuam como antagonistas. As drogas que bloqueiam os receptores pós-sinápticos actuam como antagonistas, enquanto que as drogas que bloqueiam auto-receptores pré-sinápticos actuam como agonistas. As drogas que activam ou bloqueiam heteroreceptores pós-sinápticos actuam como agonistas ou antagonistas, dependendo do papel dos heteroreceptores na facilitação ou na inibição pré-sináptica. Os efeitos exercidos pelas drogas são demasiado complexos para serem aqui descritos em pormenor. De um modo muito esquemático, convém destacar os efeitos que elas exercem sobre a síntese das substâncias transmissoras (1), sobre o armazenamento e a libertação das substâncias transmissoras (2), sobre os receptores (3), e sobre a recaptura ou a degradação das substâncias transmissoras (4).


As substâncias transmissoras têm dois efeitos gerais sobre as membranas pós-sinápticas: a despolarização ou a hiperpolarização. Porém, no cérebro, além das substâncias excitatórias e inibidoras, há muitas outras substâncias que têm efeitos moduladores. A maior parte da comunicação sináptica é levada a cabo por duas substâncias transmissoras: o glutamato que tem efeitos excitatórios, e o GABA que tem efeitos inibidores. A actividade dos circuitos neuronais locais supõe equilíbrios entre os efeitos excitatórios e os efeitos inibidores destas duas substâncias que são responsáveis pela transmissão da informação: os neurónios recebem inputs excitatórios de botões terminais que libertam glutamato e inputs inibitórios de neurónios que libertam GABA ou glicina. Com a excepção dos neurónios que detectam estímulos dolorosos, libertando péptidos, todos os órgãos sensoriais transmitem a informação ao cérebro através de axónios cujos terminais libertam glutamato. As outras substâncias transmissoras exercem efeitos moduladores, activando ou inibindo circuitos neuronais inteiros envolvidos em funções cerebrais específicas. Assim, por exemplo, a secreção de acetilcolina activa o córtex cerebral e facilita a aprendizagem; a secreção de noradrenalina aumenta o estado de vigília e facilita a disponibilidade para agir quando se detecta um sinal-estímulo; a secreção de serotonina suprime alguns tipos de comportamentos típicos da espécie e reduz a probabilidade de agir impulsivamente; e a secreção de dopamina activa movimentos voluntários. As drogas afectam selectivamente os neurónios que libertam determinadas substâncias transmissoras, exercendo assim efeitos específicos sobre os comportamentos. O sistema nervoso contém diferentes substâncias transmissoras, cada uma das quais interactua com um receptor especializado. As substâncias transmissoras mais estudadas são a acetilcolina e as monoaminas: dopamina, noradrenalina e 5-hidroxitriptamina (serotonina). A síntese destas substâncias é controlada por enzimas. Aminoácidos - tais como o glutamato, o GABA e a glicina actuam como substâncias transmissoras, isto é, como neurotransmissores: o glutamato é uma substância transmissora excitatória e os outros dois aminoácidos são substâncias transmissoras inibitórias. As substâncias transmissoras peptídicas consistem em cadeias de aminoácidos e, tal como as proteínas, são sintetizadas nos ribossomas segundo as sequências codificadas pelos cromossomas. Os peptídeos mais conhecidos do sistema nervoso são os opióides endógenos, cujos efeitos são imitados por drogas de abuso como o ópio e a heroína. Há um lípido - um ácido gordo - que actua como mensageiro químico: a anandamida, o ligando endógeno do receptor THC (tetrahidrocanabinol) da marijuana. A adenosina, um nucleosídeo que tem efeitos inibidores sobre a transmissão sináptica, é libertada pelos neurónios e pelas células gliais no cérebro. Além disso, há dois gases solúveis - o óxido nítrico e o monóxido de carbono - que difundem para o exterior da célula onde foram sintetizados e que desencadeiam a produção do segundo mensageiro nas células adjacentes. Quanto à farmacologia da dependência que dá corpo à ideia de droga que leva a uma toxicomania, irei destacar apenas a acção do álcool, dos opiácios, dos estimulantes, do cannabis e dos alucinogénios. O álcool é um produto sedativo e ansiolítico que age sobre os receptores GABAérgicos. Estes receptores permitem a modulação das respostas ansiosas do organismo e determinam a acção dos tranquilizantes. No sangue, os neuromediadores reagem quimicamente com o acetaldeido - um produto fabricado no fígado a partir do álcool, formando substâncias cuja estrutura é de tal modo semelhante à da morfina que se fixa sobre os receptores aos opiácios. Embora a dependência ao álcool não seja da mesma natureza fisiológica que a dos opiácios, o certo é que o consumo crónico do álcool aumenta a produção das endomorfinas e o número de receptores aos opiácios. Curiosamente, os heroinómanos em falta ingerem grandes quantidades de álcool para suavizar os efeitos da abstenção da heroína. O mal-estar sentido quando da abstenção do álcool deve-se à diminuição directa da estimulação GABAérgica e/ou à perturbação da estrutura das membranas celulares, que o uso crónico do álcool "rigifica", tornando menos acessíveis e funcionais os receptores GABAérgicos. As drogas morfínicas - analgésicos potentes - inibem selectivamente as actividades neuronais produzidas por estímulos excitadores. Assim, por exemplo, na resposta à dor, a morfina age sobre o cérebro e a espinal medula e não sobre os nervos periféricos como o faz a aspirina. A morfina bloqueia a libertação de neuromediadores excitadores, em especial a noradrenalina, na terminação sináptica dos neurónios da espinha dorsal que nos informam sobre a sensação dolorosa. Além disso, no locus coeruleus, bloqueia a actividade de base e talvez a actividade induzida por estímulos. A administração de opiácios exógenos inibe a libertação de endomorfinas para os neurónios, como se a heroína se apropriasse dos lugares em detrimento das morfinas endógenas. Gradualmente, as células nervosas deixam de produzir as endomorfinas e, quando se encontra em falta, como já não há mais endomorfinas como reserva a curto prazo, o toxicodependente sente um mal-estar até que o organismo comece a produzir as morfinas endógenas. Para acalmar a falta de produção endógena, é obrigado a administrar a si próprio a droga equivalente à endomorfina: morfina, heroína, codeína, metadona e outros opiácios. Os receptores dos opiácios são expostos a fortes concentrações das moléculas da droga durante longos períodos, tornando-se pouco a pouco menos sensíveis: a tolerância instala-se. A cocaína - um estimulante - estimula a mediação noradrenérgica, tanto a nível central como a nível periférico. A cocaína aumenta a libertação da dopamina e da noradrenalina pelos neurónios e inibe a sua recaptura pelos botões terminais, fixando-se numa zona específica do receptor destes neuromediadores - o receptor da cocaína. As anfetaminas - outro grupo de estimulantes - facilitam a libertação de dopamina dos botões terminais. Uma mutação dirigida do gene responsável pela produção de transportadores de dopamina bloqueia estes efeitos. Além de produzir vigilância, activação e reforço positivo, a cocaína e as anfetaminas podem provocar sintomas psicóticos similares aos observados na esquizofrenia paranóide. O seu uso crónico durante um longo período leva mais a um efeito de sensibilização do que de tolerância. Os efeitos destas drogas são mediados pelo aumento de dopamina no núcleo accumbens, e os sintomas desagradáveis próprios da síndrome de abstinência podem ser mediados pela actividade dos neurónios secretores de dinorfina. Os canabinóides agem sobre as mediações serotoninérgicas, noradrenérgicas e GABAérgicas e, de uma maneira não específica, sobre as membranas celulares. A memória está ligada ao hipocampo, uma estrutura cerebral que compreende numerosos receptores dos canabinóides e receptores GABAérgicos. A maior parte das substâncias psicotrópicas, e principalmente o cannabis, agem sobre esta estrutura, diminuindo as capacidades de memorização e de atenção. A dependência física ao cannabis parece ser fraca: a sua abstenção evidencia sinais de natureza psicossomática, tais como ansiedade com palpitações, dores musculares e insónias. Os alucinogénios - cujo motivo estrutural comum é o núcleo indólico, identificado na serotonina - agem através da mediação serotoninérgica, fixando-se nos receptores da serotonina e, deste modo, interferindo com a transmissão sináptica de outros mediadores químicos. Desta acção múltipla dos alucinogénios resulta o seu envolvimento na maior parte das grandes funções neurofisiológicas. O LSD - uma droga que é eficaz em doses extremamente baixas - produz distorções das percepções visuais, agindo em muitos lugares de acção no cérebro: a sua acção como agonista directo dos receptores 5-HT2 no prosencéfalo parece ser responsável pelos efeitos comportamentais desta droga, já que outras substâncias químicas exógenas que actuam como agonistas 5-HT2 também têm efeitos alucinogénios.


Anexo: A neurofisiologia da adição às drogas é um mundo demasiado vasto para poder ser resumido em poucas palavras. Neste estudo, não tratei de muitos aspectos da adição às drogas, apesar de alguns deles decorrerem da noção nuclear de que o comportamento aditivo do consumidor de drogas é mais motivado pelo aliviar do mal-estar do que pela busca de prazer. Pelo menos, é este o aspecto fundamental do comportamento aditivo que interessa à antropologia fundamental. A neurofarmacologia abre novos horizontes à antropologia fundamental, permitindo-lhe elucidar melhor as relações entre mente e cérebro, bem como as relações dos homens com o mundo físico e com o mundo social. Um indivíduo adito a uma droga está condenado, em certo sentido, a uma relação de servidão involuntária, sentindo-se obrigado a satisfazer as demandas da sua dependência da droga. A atracção pelas drogas deve-se ao facto delas estimularem os mecanismos cerebrais responsáveis pelo reforço, aspecto que deixei de lado neste estudo preparatório. Por isso, serei obrigado a voltar a este tema noutros textos.

J Francisco Saraiva de Sousa
Publicada por J Francisco Saraiva de Sousa à(s) 13:16
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Etiquetas: Ciências Biomédicas, CyberAntropologia, Etnopsiquiatria, Filosofia Biológica, Filosofia da Mente, Filosofia Médica, Neurociência e Biologia, Neurociência Social, Psiquiatria, Saúde
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Artigo científico

 Àpilẹkọ ti sáyẹ́nsì.
Artigo científico.

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Nkan, ohun kan, àpilẹkọ ,s. Artigo.
Ti, prep. de ( indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido. Ilé ti bàbá mi = ilé bàbá mi ( A casa do meu pai).
Sáyẹ́nsì, s. Ciência.  

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10/09/14 // UNIVERSIDADE 
POR MARINA LOPES

Escrever e publicar um artigo científico pode não ser uma tarefa fácil. A elaboração de qualquer pesquisa exige precisão e domínio sobre o assunto. No entanto, muitas vezes os estudantes ficam em dúvida sobre a maneira correta de elaborar o seu trabalho. Por onde começar? Como definir o tema da pesquisa? Qual linguagem utilizar no texto? Esses são apenas alguns dos questionamentos que surgem.

As pessoas costumam ter dúvidas e errar porque não sabem ciências, ou não aprenderam de maneira correta, avalia Gilson Volpato, professor de redação científica, da Unesp (Universidade Estadual Paulista). “Muitos professores transformam essa disciplina em um conjunto de regras”, aponta, ao afirmar que os alunos precisam entender o que estão fazendo. Inclusive, para ajudar alunos, professores e pesquisadores a escreverem uma pesquisa acadêmica, Volpato criou o Clube SOS Ciência, que tira dúvidas on-line sobre redação científica (leia matéria no Porvir).

                                                                                              crédito: nito / Fotolia.com




Com base na conversa com o professor, o Porvir reuniu algumas sugestões para auxiliar na redação e publicação de um artigo científico. No entanto, conforme destacou Volpato, é preciso lembrar que não existe receita para a elaboração de uma boa pesquisa. Cada projeto possui as suas particularidades.

Confira algumas dicas:

1. Leia sobre o que já feito

Antes de começar um projeto de pesquisa, é importante checar diversas conteúdos da área para conhecer tudo o que já foi falado sobre o tema. Uma das sugestões apresentadas pelo professor Volpato é ler artigos de boas revistas internacionais.  Além disso, é preciso fazer um levantamento de publicações que podem ser utilizadas para dar base ao seu projeto.

2. Pense no nível que a sua pesquisa irá atingir

Antes de fazer um projeto é preciso identificar o nível de ciência que se pretende atingir. Identifique algumas publicações científicas que estariam no patamar da sua pesquisa. Você pretende atingir uma Science, com abrangência em diversas áreas de conhecimento, ou deseja focar em uma publicação especializada? Se a sua resposta for publicar em um veículo científico de grande abrangência, será necessário pensar e elaborar a sua pesquisa de forma que ela seja compreensível para o maior número de pessoas possível, incluindo outras áreas de conhecimento.

3. Apresente uma novidade

Não existe uma boa pesquisa sem algo novo ou relevante. “Os pesquisadores têm dificuldade de aceitar que o tema da sua pesquisa não apresenta uma novidade”, conta Volpato. Segundo ele, após ler sobre o que já foi desenvolvido dentro do tema, é necessário encontrar uma nova abordagem. Uma pesquisa muito repetitiva não pode apresentar grandes contribuições científicas.

4. Saiba a hora certa para começar a escrever

Muitas pessoas começam a escrever o seu artigo na hora errada. Segundo Volpato, para manter a unidade do texto é importante ter uma ideia completa do trabalho. Não comece a adiantar algumas partes do seu artigo sem ter concluído a pesquisa, analisado e interpretado dados.  Antes de começar a escrever, o professor afirma que é necessário já ter em mente a resposta para algumas perguntas: 1) Como surgiu a pesquisa? 2) Onde você chegou? 3) Como chegou nesse caminho e o que me faz aceitar a sua história? 4) O que isso muda na ciência? 5) Por que as pessoas se interessariam por isso?

5. Tenha em mente o tipo de revista que você gostaria de publicar

Após ter uma visão geral do trabalho, respondendo as perguntas anteriores, comece a pensar na revista que você deseja ter o seu trabalho divulgado. Leia diversos artigos e tente observar o formato que eles seguem. “É bom conhecer o jeitão da revista”, apontou Volpato. Pense nessa estrutura quando estiver escrevendo.

6. Mantenha a lógica no texto

Na hora de escrever é preciso observar se as ideias da pesquisa não estão se contradizendo. De acordo com o pesquisador, muitas pessoas acabam cometendo erros nesse item. Introdução, desenvolvimento e conclusão devem estar muito bem alinhados e relacionados. Todas as partes devem apresentar coerência e lógica. Releia o texto e veja se ele consegue manter uma unidade. Não use freses sem sentido.

7. Encontre a medida certa

O tamanho do texto não quer dizer qualidade. “Nenhuma palavra a mais, nenhuma palavra a menos. A gente tem que saber sintetizar”, apontou Volpato. Segundo ele, as pessoas tendem a achar que os trabalhos mais longos são os melhores. No entanto, o número de páginas não é sinônimo de qualidade. É  importante apresentar todos os argumentos de maneira clara e objetiva. Para o professor e pesquisador, a elaboração de um artigo deve ser semelhante a de um prédio. “Ele precisa ser vistoso, importante, sólido e econômico”, defendeu.

8. Seja claro e evite palavras que dificultam o entendimento  

Nada de prosopopéia para acalentar bovinos (ou seja, a famosa expressão “conversa para boi dormir”). Tente tornar a sua pesquisa mais acessível e troque as palavras de difícil entendimento. Segundo Volpato, a ciência tem um caráter transdisciplinar, porém, quando você escreve um artigo cheio de termos técnicos e palavras desconhecidas, a sua pesquisa tende a ficar restrita apenas para pessoas da área. “É importante pensar que você está escrevendo um texto para ser lido por diferentes públicos.”

9. Compartilhe o seu conhecimento

Após concluir um artigo é importante tentar a sua publicação em revistas de divulgação científica. Segundo o professor Volpato, a divulgação da pesquisa é tão importante quando a redação. É a partir da publicação que você poderá compartilhar o seu conhecimento com outros pesquisadores. Além disso, também terá a oportunidade de submeter o seu trabalho para avaliação de outros especialistas. Antes de enviar um artigo para análise, observe atentamente o formato exigido em cada publicação. Algumas revistas têm normas específicas que devem ser seguidas, incluindo padronização de estilo, quantidade de caracteres e outras referências.

10. Acompanhe os resultados

Não pense que a publicação do artigo é o último passo. Após divulgar a sua pesquisa, tente observar a repercussão do seu trabalho no mundo científico. Observe as contribuições acadêmicas da sua pesquisa. Ao visualizar quem está citando o seu artigo, procure entender quais reflexões estão sendo geradas a partir dele.