quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Angola

Orílẹ̀-èdè Olómìnira ilẹ̀ Àngólà.
República de Angola.


1. Como é  a cultura angolana?


A riqueza cultural de Angola manifesta-se em diferentes áreas. No artesanato, destaca-se a variedade de materiais utilizados. Através de estatuetas em madeira, instrumentos musicais, máscaras para danças rituais, objetos de uso comum, ricamente ornamentados, pinturas a óleo e areia, é comprovada a qualidade artística angolana, patente em museus, galerias de arte e feiras. Associado às festas tradicionais promovidas por etnias locais está também um grande valor cultural.A presença constante da dança no quotidiano é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização de estruturas rítmicas desde cedo. Iniciando-se pelo estreito contacto da criança com os movimentos da mãe (às costas da qual é transportada), esta ligação é fortalecida através da participação dos jovens nas diferentes celebrações sociais (os jovens são os que mais se envolvem), onde a dança se revela determinante enquanto fator de integração e preservação da identidade e do sentimento comunitário.

Neste particular, destaca-se algumas festas típicas em Angola:

a) Festas do Mar - estas festas tradicionais designadas por “Festas do Mar”, têm lugar na cidade do Namibe. Estas festas provêm de antiga tradição com carácter cultural, recreativo e desportivo. Realizam-se na época de verão e é habitual terem exposições de produtos relacionados com a agricultura, pescas, construção civil, petróleos e agro-pecuária;
b) Carnaval - o desfile principal realiza-se na avenida da marginal de Luanda. Vários corsos carnavalescos e corsos alegóricos desfilam numa das principais avenidas de Luanda e de Benguela;
c) Festa da Nossa Senhora da Muxima - o santuário da Muxima está localizado no Município da Kissama, Província de Luanda e durante todo o ano recebe milhares de fiéis. É uma festa muito popular que se realiza todos os anos e que inevitavelmente atrai inúmeros turistas, pelas suas características religiosas.

Depois de vários séculos de colonização portuguesa, Angola acabou por também sofrer misturas com outras culturas e a música anuncia a riqueza artística de Angola, com os ritmos do kizomba, semba, rebita, cabetula, kilapanga e os novos estilos, como o zouk e kuduro, a animar as noites africanas. As danças tradicionais assumem, paralelamente, a sua relevância, a par da gastronomia rica e variada. A literatura angolana tem origem no século XIX, com uma função marcadamente “intervencionista e panfletária de uma imprensa feita pelos nativos da terra”, sendo que a mesma reflete também a riqueza cultural do país. É a cultura que molda a imagem de Angola no mundo. Uma política cultural externa para a representação da diversidade cultural de Angola é, portanto, uma grande preocupação do Governo angolano.


2. O que o Brasil tem de semelhante com Angola?


       Os bantus angolanos influenciaram nossa cultura, dentre eles: os ambundos que falam o quimbundo e os bacongos que falam a língua quicongo. As heranças implantadas no Brasil se originam mais dos primeiros do que dos segundos. Isso se deve em função dos ambundos terem conquistado ao longo do tempo um suporte maior para se desenvolver culturalmente, já que viviam na capital angolana, local que estava em crescimento. 
       As etnias angolanas se misturaram nos navios negreiros a caminho do Brasil  e, no processo de escravização,  perderam partes de suas identidades, mesmo assim, traços de suas culturas sobreviveram. Palavras como “quitanda”, “cafuné”, “chamego” e “moleque” são derivadas do vocabulário de povos da região onde hoje está Angola.
      Nosso jeito de andar, gesticular, se comportar com os outros, com abraços e tapinhas nas costas são heranças africanas. É como dizia Gilberto Freyre, até no jeito de andar dos brancos, você encontra um pouco de África.
      O país também deve a Angola o nosso samba (expressão artística tipicamente brasileira). O samba nasceu do semba, angolano. Outros ritmos musicais afro-brasileiros de origem bantu são: o maracatu, o jongo e o batuque.
    Outro expoente da cultura nacional trazido pelos povos de Angola é a capoeira. A mais antiga das formas de jogar é batizada capoeira de Angola. O acompanhamento rítmico da capoeira de Angola e da capoeira regional, desenvolvida no Brasil pelo Mestre Bimba, em 1927, também é diferente. Enquanto a capoeira regional usa apenas um berimbau de afinação média, dois pandeiros e as palmas, a capoeira de Angola é mais diversificada e explora bastante a percussão. São três berimbaus, com três afinações diferentes – viola, médio e gonga (mais grave) –, atabaques, pandeiro, reco-reco e agogô.


3. O que você sabe a respeito de Mia Couto?

        Antônio Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu em 5 de Julho de 1955 na cidade da Beira em Moçambique. É um escritor, poeta, jornalista e biólogo moçambicano, que tem exercitado, na lapidação da palavra, a arte de reencantar o mundo. Dentre os muitos prêmios literários com os quais foi galardoado está o Prêmio Neustadt, tido como o "Nobel Americano" — Couto e João Cabral de Melo Neto foram os únicos escritores de língua portuguesa que receberam tal honraria.

       Mia Couto publicou os seus primeiros poemas no jornal Notícias da Beira, com 14 anos. Iniciava assim o seu percurso literário dentro de uma área específica da literatura – a poesia –, mas posteriormente viria a escrever as suas obras em prosa.

       É o único escritor africano que é membro da Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente, eleito em 1998, sendo o sexto ocupante da cadeira nº 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.

      Atualmente é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no exterior e um dos autores estrangeiros mais vendidos em Portugal. As suas obras são traduzidas e publicadas em 24 países. Várias das suas obras têm sido adaptadas ao teatro e cinema. Tem recebido vários prêmios nacionais e internacionais, por vários dos seus livros e pelo conjunto da sua obra literária.

      É, comparado a Gabriel Garcia Márquez e Guimarães Rosa. Seu romance Terra sonâmbula foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra e, em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas.


4. Que tipo de religião predomina m Angola?


          Por influência colonial, a maioria da população angolana professa a religião católica (41 %). As igrejas protestantes, todas juntas, perfazem 38 por cento da população: as igrejas batistas, enraizadas principalmente entre os bakongos, as metodistas, concentradas na área dos ambundos, e as congregacionais, implantadas entre os ovimbundos, para além das comunidades mais reduzidas de protestantes reformados e luteranos. Existem ainda as igrejas adventistas, as neo-apostólicas e um número de igrejas pentecostais, algumas das quais com forte influência brasileira. Há, finalmente, duas igrejas do tipo sincrético: as igrejas kimbanguistas com origem da República Democrática do Congo e as igrejas tocoístas.
        As congregações animistas também desempenham uma grande parte das crenças em Angola, no que diz respeito a religião e  totalizam um por cento da população. Porém, entre os cristãos encontram-se com alguma frequência crenças e costumes herdados das religiões tribais. No Brasil, herdamos religião tradicional angolana: o candomblé de Angola, a kabula e a umbanda.  Para os animistas, Zambi ou Zambiapongo não se trata de um inkice, mas sim, do Deus Supremo na cultura bantu. Zambi é o dono de tudo que há no mundo, ou seja, do ar, das florestas, rios, dos animais, dos mares, dos seres humanos, enfim, tudo. Mas, embora seja o criador de todas as coisas, Zambi não cuida diretamente dos homens, pois entregou o governo direto do mundo aos inkices que são espíritos dos antepassados.


5. Quais os tipos de comidas mais frequentes utilizados no dia a dia?

Há fartura de salada, arroz, feijão preto, mas que existem outros pratos típicos do país. "Eles comem muito frango, carne de boi, peixe e frutos do mar. Mas fazem uma feijoada diferente, com feijão branco. Comem peixe até com a cabeça e pratos como um que se chama fungi, feito de mandioca ou milho, parecido com fubá e polenta, só que muito mais consistente e sem tempero nenhum".


Pratos típicos: 
Fungi (massa cozida de farinha de milho ou de mandioca).
Muamba (preparada com galinha, carne seca ou peixe, acompanhada de quiabo e dendê).
Calulu (confeccionado com peixe seco e fresco ou com carne seca)
Cocada ( doce à base de coco)
Dinhangoa (bebida preparada com água, farinha de mandioca e açúcar)
Feijão com óleo de palma
Gonguenha (feijão, abóbora e caldo de ossos).
Moqueca.
Mututo (planta cujas folhas são preparadas como guisado, tempearado com tomate, cebola, alho e louro)
Mufete ( constituído por peixe grelhado (carapau, peixe galo ou cacusso), feijão de óleo de palma, mandioca, banana pão, batata-doce e farinha musseque, acompanhado por molho de cebola com vinagre, azeite doce, gindungo e uma pitada de sal).
Pirão.
Quibeba (guisado de choco, peixe, feijão ou carne seca, acompanhado de mandioca, batata-doce ou dinhungo)
Sumatena ou Súmate (peixe seco ou carne seca assado na brasa, com molho de água morna dinhungo)


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Português


Èdè Pọrtogí àti àṣà ti Áfríkà Bràsíl
Língua portuguesa e cultura afro-brasileira.


1. Sísọ ní (falado em):

 

2. Ìye àwọn afisọ̀rọ̀ (total de falantes)273 milhões.

3. Èdè ìbátan (família linguística):
Indo-europeia
Itálica
Românica
Ítalo-ocidental
Românica ocidental
Galo-ibérica
Ibero-românica
Ibero-ocidental
Galaico-portuguesa
Português

4. Sístẹ́mù ìkọ (sistema de escrita)alfabeto latino.


5. Lílò bíi oníbiṣẹ́ (estatuto oficial):

Èdè oníbiṣẹ́ ní - Língua oficial em: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatoria, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe,Timor-Leste.

6. Àkóso lọ́wọ́ (Regulado por): Instituto Internacional da Língua Portuguesa; CPLP; Academia Brasileira de Letras (Brasil); Academia das Ciências de Lisboa, Classe de Letras (Portugal).


7. Àwọn àmìọ̀rọ̀ èdè (Códigos de língua):


ISO 639-1: pt

ISO 639-2: por
ISO 639-3: por




  1. A língua portuguesa falada adequadamente

   Da mesma forma que para cada ocasião devemos escolher uma roupa, para cada contexto é preciso escolher uma linguagem. Diante disso, não há uma região que fale mais certo do que outra, nem existe uma proibição do uso da gíria. Entretanto, é preciso entender que há contextos que vão exigir um grau maior ou menor de formalidade.  Então, para que a linguagem seja usada a favor do falante, é necessário adequar-se.

2. Língua culta e coloquial

1. Língua padrão  

  É a norma culta que deve ser utilizada em concursos, publicação de textos, entrevistas. Enfim, aquilo que a gramática diz o que é a linguagem correta. A língua padrão na sua origem é a língua do poder político, econômico e social. Suas formas são asseguradas pelo processo social coercitivo agindo em várias direções. Uma delas é a própria escola que funciona para transmitir e conservar a língua "certa". Outra força é a dos próprios usuários da língua que lutam para alcançar a língua padrão porque sabem que não usá-las em certos contextos implica censura, discriminação e bloqueio à ascensão social.

Características:

*Usada em situações formais e em documentos oficiais;
*Maior preocupação com a pronúncia das palavras;
*Uso da norma culta;
*Ausência do uso de gírias;
*Variante prestigiada.


2. Língua coloquial

A linguagem coloquial, informal ou popular é uma linguagem utilizada no cotidiano em que não exige a atenção total da gramática, de modo que haja mais fluidez na comunicação oral. Na linguagem informal usam-se muitas gírias e palavras que na linguagem formal não estão registradas ou tem outro significado.

Características:

*Variante espontânea;
*Utilizada em relações informais;
*Sem preocupações com as regras rígidas da gramática normativa;
*Presença de coloquialismos (expressões próprias da fala), tais como: pega leve, se toca, tá rolando etc.
*Uso de gírias;
*Uso de formas reduzidas ou contraídas (pra, cê, peraí, etc.)
*Uso de “a gente” no lugar de nós;
*Uso frequente de palavras para articular ideias (tipo assim, ai, então, etc.).

3. Os avanços da tecnologia e sua influência nos falantes da língua portuguesa.

A) O"internetês" é mais que uma degradação da língua, um verdadeiro atentado infame a ela.

        Em artigo publicado no site do Observatório da Imprensa, o escritor Deonísio da Silva, chamou de "besteirol" o novo "idioma" e classificou o fenômeno como "assassinato a tecladas" da língua portuguesa.
      Afora os termos virulentos, Deonísio analisa o assunto com ponderação. Segundo o escritor, nunca se escreveu tanto como nesses tempos de correspondências eletrônicas, mas para ele estão "botando os carros na frente dos bois". Ou seja, esses adolescentes têm acesso à internet e ao celular, mas não à norma culta da língua escrita. Nas palavras de Deonísio: Os pequenos burgueses tinham internet e celular, mas não dominavam a língua escrita. E por isso criaram a deles. Nada espantoso. Também os habitantes das periferias não dominam a norma culta da língua e criam suas gírias, devidamente circunscritas a cada grupo de usuários.
       Para Deonísio, o "internetês" é um sintoma da grave falência educacional, que por sua vez, gera a exclusão dos jovens ao mundo letrado ao qual só poucos têm acesso.

      O"dicionário de internetês" é formado por um punhado de expressões derivadas do inglês, outras tantas abreviações e palavras inventadas que reproduzem o som das sílabas faladas. Qualquer pessoa, razoavelmente alfabetizada e que tenha conhecimento de conceitos rudimentares da língua inglesa, é capaz de decifrar o código.

     O escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura: no filme "Língua, vidas em português" (de Victor Lopes, 2002) Saramago prevê que, em breve, estaremos nos comunicando com grunhidos, como os homens das cavernas. E aí, ele nem se referia à Internet, mas ao fato de que, há apenas 50 anos, a língua era falada e escrita de modo mais belo e rico, por nossos antepassados.

B) A nova escrita na Internet está promovendo um "surto de poliglotas".

        Para Marisa Lajolo, o "internetês" é apenas mais uma linguagem usada pelos jovens para se comunicarem entre si, considerados, por ela, poliglotas pela capacidade de se expressar de maneira diferente com seus pais, professores e com os demais interlocutores da comunidade. Dessa forma, para a escritora, isso demonstra criatividade dos adolescentes em criar um código próprio, que reforça a identidade dos mesmos.
       O poeta Ledo Ivo, declarou na mídia, seu apoio ao que ele batizou de "dialeto eletrônico". Para o acadêmico estamos diante de um fenômeno linguístico e cultural que só comprova a vitalidade da língua e sua capacidade de se transformar através das gerações.
       Seguindo o bom senso do professor Sérgio Nogueira, alguns professores de língua portuguesa já tiveram a iniciativa de promover, em sala de aula, atividades com o dialeto. Não se trata de rejeitar, diminuindo-lhe a importância, ou de elevar aos céus, atribuindo-lhe poderes para "revolucionar" ou mesmo ameaçar a língua portuguesa. Essas experiências em sala de aula têm a qualidade de reconhecer o fenômeno e explorá-lo, mostrando sua dimensão real.


4 - Variaçoes regionais da língua portuguesa no Brasil.


    Não se pode dizer que haja um sotaque mais "correto" que outro. "Quem acha que fala um português sem sotaque, em geral não se dá conta de que também tem o seu próprio, já que ele caracteriza a variação linguística regional, comum a qualquer língua" O sotaque só existe no ouvido de quem tá escutando. Para ele, é o outro que tem sotaque. O que deixa a pergunta no ar: Quem realmente tem sotaque? Ou quem pode se julgar sem sotaque ou falante do melhor português brasileiro? Acho que ninguém. Cada estado ou região tem suas particularidades e riquezas, embora alguns queiram se sobressair, ou se acharem melhor, simplesmente por causa de um sotaque.

5. Como os países africanos de língua  portuguesa pronunciam o nosso idioma?


        Foi em Angola e Moçambique  que a Língua Portuguesa se manteve como língua falada de maneira mais forte. Contudo, muitas línguas (dialetos) nativas se mantém nestes locais, ao lado da língua portuguesa. O falar português é bastante semelhante ao de Portugal, já que não houve uma substituição da língua nativa pela língua portuguesa e sim uma “adesão” a esta nova língua que pela força da colonização acabou fazendo com que se tornasse língua oficial nestes países. O português falado nos países africanos possui apenas alguns traços próprios, como arcaísmos, dialetalismos, etc, semelhantemente ao que aconteceu no Brasil. De uma maneira geral, a influência das línguas negras foi muito leve, abrangendo apenas o léxico local.
      Nos demais países o português falado não foi aderido como em Angola e Moçambique, nestes outros, apesar de ser língua oficial, ele é utilizado apenas na administração, no ensino, na imprensa e em relações com outros países. No cotidiano se usa as línguas nacionais (crioulos). Nestes países é maior também a influência das línguas locais sobre o português, o que causa um maior distanciamento entre o português por eles utilizado, e o português europeu, falado em Portugal.

6- Cultura africana

      A cultura africana caracteriza-se pelo tribalismo e  animismo. O tribalismo estabelece a identidade e significação de um indivíduo como pessoa apenas no contexto de sua família ou comunidade. Um indivíduo isolado, desprovido da presença concreta e dos laços intangíveis do parentesteco, é visto como irremediavelmente perdido ou efetivamente morto. O animismo é a crença de que um só espírito está por dentro de tudo que existe; e cada ser que nasce traz consigo uma partezinha do espírito universal (Deus). Como está sempre nascendo seres e coisas, o espírito universal vai se enfraquecendo. Por isso, devemos fazer oferendas para reforçar esse  espírito universal. Além disso, os animistas  pedem desculpas para cortar uma árvore e matar um animal e por isso, são precursores dos ecologistas, seus atuais aliados. Para eles, a natureza esá repleta de forças vivas, espíritos residem nela, e os seres humanos podem interagir com eles até certa medida. Assim, a natureza é essencialmente espiritual e os seres humanos estão intimamente conectados com ela. Somos parte de natureza, dependemos dela e ela de nós.
        As tribos africanas tradicionais tendem a ver a personalidade como algo que o indivíduo conquista ao longo do tempo, enquanto se torna parte da própria comunidade. Tornar uma pessoa é uma realização. Nascimento e morte não marcam o fim e o início de uma pessoa. Um bebê recém-nascido ainda não é uma pessoa, ao passo que alguém falecido que vive na memória de seus descendentes continua a sê-lo, apesar da morte física. Na maioria das comunidades tribais, os ritos de iniciação são decisivos para a conquista do pleno pertencimento e portanto para a transformação do indivíduo numa pessoa completa. De maneira semelhante, ao longo de toda existência de uma pessoa , ritos e cerimônias mantêm sua vida no ritmo  da vida da comunidade.
       O ser  humano é composto de múltiplos elementos espirituais, todos eles essenciais para a vida de uma pessoa. Entre os iorubás, por exemplo, as almas dos ancestrais podem retornar em seus descendentes, até muitas e muitas vezes. Os iorubás estão longe de acreditar em uma alma individual isolada que acreditam que seus descendentes imediatos podem ser reencarnações das almas de seus pais, memo enquanto estes ainda estão vivos. Por isso, os africanos enfatizam o culto dos ancestrais, que são considerados habitantes vivos do mundo espiritual, capazes de auxiliar seus descententes.

 7. Semelhanças culturais aproximam os povos africanos do Brasil.

       A África continua muito presente nas nossas vidas, embora muitas vezes esqueçamos disso... Afinal, dela herdamos algumas marcas da nossa identidade cultural: o sabor da famosa feijoada, o ritmo contagiante do samba, os passos acrobáticos da capoeira, inúmeras palavras do nosso vocabulário - como "moleque" e "batuque" -, cultos religiosos, como o candomblé, que milhões de brasileiros seguem. E a moda também reflete essa influência: basta olharmos para o lado e encontraremos cabelos artisticamente trançados, tererês e rastafáris, exibidos por mulheres e homens, negros ou não, jovens e não tão jovens assim.

       7.1  Culinária

      O fato de as escravas africanas terem sido responsáveis pela cozinha dos engenhos, fazendas e casas-grandes do campo e da cidade permitiu a difusão da influência africana na alimentação. São exemplos culinários da influência africana: o vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá, caruru, quiabo e chuchu. Temperos também foram trazidos da África, como pimentas, o leite de coco e o azeite de dendê.

    7. 2 Música

     O samba, afoxé, maracatu, tambor de criola, congada, lundu e a capoeira são exemplos da influência africana na música brasileira que permanecem até os dias atuais. A música popular urbana no Brasil Imperial teve nos escravos que trabalhavam como barbeiros em Salvador e Rio de Janeiro uma de suas mais ricas expressões. Instrumentos como o tambor, atabaque, cuíca, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau também são heranças africanas que constituem parte da cultura brasileira. Cantos, como o jongo, ou danças, como a umbigada, são também elementos culturais provenientes dos africanos.

        7.3 Idioma

        Muitas palavras do vocabulário brasileiro têm origem africana ou referem-se a alguma prática desenvolvida pelos africanos escravizados que vieram para o Brasil durante o período colonial e imperial. São exemplos de palavras: moleque, quiabo, fubá, caçula e angu, cachaça, dengoso, quitute, berimbau e maracatu.

       7.4 Religião

       No aspecto religioso os africanos buscaram sempre manter suas tradições de acordo com os locais de onde haviam saído do continente africano. Entretanto, a necessidade de aderirem ao catolicismo levou diversos grupos de africanos a misturarem as religiões do continente africano com o cristianismo europeu, processo conhecido como sincretismo religioso. Algumas divindades religiosas africanas ligadas às forças da natureza ou a fatos do dia a dia foram aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanjá, que para alguns grupos étnicos africanos é a deusa das águas, no Brasil foi representada por Nossa Senhora. Xangô, o senhor dos raios e tempestades, foi representado por São Jerônimo. São exemplos de participação religiosa africana: candomblé, candomblé (Ketu e  Angola), xangô pernambucano, batuque, tambor de mina, cabula, umbanda, quimbanda, jurema sagrada, babaçuê, terecó e catimbó.

       7.5 Moda

       A negritude de cada um não pode ser alisada. Ela é crespa, mesmo! Por onde passam, negros e negras chamam a atenção com os seus cabelos “estilo black”.  São tranças jamaicanas, africanas, soltas, de raiz, contemporânea, dreads, rastafári, black power... Uma enorme variedadede estilo ao dispor dos cabelos crespos.  Para os africanos da região ocidental, o cabelo é uma indicação de poder espiritual, por ser o ponto mais elevado do corpo, próximo dos céus, ele possibilita a comunicação com os deuses e os espíritos e está próximo da divindade. Essa comunicação tem o intuito de alcançar a alma. Um encanto pode ser retirado ou o mal pode ser trazido para a pessoa por meio de aquisição de um fio de cabelo. Desde o surgimento da civilização africana, o estilo de cabelo tem sido usado para indicar o estado civil, a origem geográfica, a idade, a religião, a identidade étnica, a riqueza e a posição social das pessoas.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Exército zapatista

                                                             
Ogun ajàjàgbara jà ti àwọn mọ íńdíà ní ilẹ̀ maya.
A guerrilha dos maias.





Exército Zapatista de Libertação Nacional


Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).


Ogun abẹ́lé, ogun ajàjàgbara jà, ẹgbẹ́ onísùnmọ̀mí , s. Guerrilha.
Ogun ajàjàgbara jà, s. Forças guerrilheiras.
, pron. rel. Que, o qual, do qual, cujo.
, conj. Se. Enquanto, ao mesmo tempo que.
, prep. Desde que.
, v. Bater com a mão ou com algo na mão, acertar o alvo.
, adv. Onde, quando.
Ti, prep. de ( indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido. Ilé ti bàbá mi = ilé bàbá mi ( A casa do meu pai).
Ti, ti...ti, adj. Ambos... e. Ti èmi ti ìyàwó mi - ambos, eu e minha esposa.
Ti, v. Ter (verb. aux.). Arranhar. Pular.
Ti, v. interrog. Como. Ó ti jẹ́? - Como ele está.
Ti, adv. pré-v. Já. Indica uma ação realizada.
Ti, àti, conj. E.
Ti, part. pré-v. 1. Usada para indicar o tempo passado dos verbos. Èmi ti máa rìn lálé - Eu costumava caminhar à noite. 2. É usada com báwo ni - como - quando se deseja expressar sentimento e posicionada antes do verbo principal. Báwo ni àwọn ti rí? - Como eles estão?.

Àwọn, wọ́n, pron. Eles, elas.. Indicador de plural.
Ẹ̀yà maya, s. Etnia maia.
mọ Íńdíà ní ilẹ̀ Maya, s. Índio maia. Ẹgbẹ́ kan tó jẹ́ tàwọn ọmọ Íńdíà ní ilẹ̀ Maya ṣètò àwọn ọmọ ogun ọlọ̀tẹ̀ tó dìhámọ́ra - Um grupo de índios maias organizou um levante armado. 
mọ ogun, s. Soldado. 
Dìhámọ́ra, adj. Armado. 
Ẹgbẹ́ ọmọ ogun, s. Exército.
Agbo ogun àwọn áńgẹ́lì, s. Exército de anjos. 

sábado, 9 de setembro de 2017

Mensuração do tempo em yorubá.

Ìdíwọ̀n àkókò ní Yorùbá.
Mensuração do tempo em yorubá.

                                                                 


Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).


Ìdíwọ̀n àkókò, s. Medição do tempo. Àmọ́, nípa lílo àwọn nǹkan ìdíwọ̀n àtàwọn àkànṣe páìpù, àwọn ẹ̀rọ tí wọ́n fi ń wa epo jáde látinú ilẹ̀ lónìí kì í jẹ́ kí èyí ṣẹlẹ̀ mọ́ - Contudo, por meio de instrumentos de medição e válvulas especiais, a aparelhagem de perfuração moderna impede que isso aconteça. 
Òṣùwọ̀n, òṣùnwọ̀n, s. Padrão de medida para calcular.
Dídíwọ̀n, ìdíwọ̀n, s. Medição. Oṣù Kan fún Kíkórè àti Dídíwọ̀n- Mês de colheita e medição.
Mẹ́tíríìkì, s. Métrica (metrificação, versificação). O conjunto das regras que presidem a medida, o ritmo e a organização do verso, da estrofe e do poema como um todo.
Àkókò, s. Tempo, estação, época.
Ìwọ̀n, ìwọn, s. Escala, medida, peso, certa quantidade
Ìfàṣẹsí, s. Autentificação.
Irin kọdọrọ, s. Esquadro. 
Púlọ́ọ̀mù, s. Prumo.
, prep. Contração da preposição ní e substantivo. Quando a vogal inicial do substantivo não é i, a consoante n da preposição se transforma em l, e a vogal i toma forma de vogal do substantivo posterior. Mas se a vogal do substantivo é i, ela é eliminada. Ní àná ( l'ánàá ). Ní ilé (ní'lé)
, part. enfática. Usada na construção de frases, quando o verbo tiver dois objetos, o segundo objeto é precedido por " ní".
, prep. No, na, em. Usada para indicar o lugar em que alguma coisa está. Indica uma posição estática.
, v. Ter, possuir, dizer.Transportar carga em um barco ou navio. Ocupar, obter, pegar.
Ni, v. Ser, é.
, pron. dem. Aquele, aquela. Requer alongamento da vogal final da palavra que o antecede somente na fala. Ex.: Fìlà ( a ) nì = aquele chapéu.

, pron. rel. Que, o qual, do qual, cujo.
, conj. Se. Enquanto, ao mesmo tempo que.
, prep. Desde que.
, v. Bater com a mão ou com algo na mão, acertar o alvo.
, adv. Onde, quando.
Ti, prep. de ( indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido. Ilé ti bàbá mi = ilé bàbá mi ( A casa do meu pai).
Ti, ti...ti, adj. Ambos... e. Ti èmi ti ìyàwó mi - ambos, eu e minha esposa.
Ti, v. Ter (verb. aux.). Arranhar. Pular.
Ti, v. interrog. Como. Ó ti jẹ́? - Como ele está.
Ti, adv. pré-v. Já. Indica uma ação realizada.
Ti, àti, conj. E.

Ti, part. pré-v. 1. Usada para indicar o tempo passado dos verbos. Èmi ti máa rìn lálé - Eu costumava caminhar à noite. 2. É usada com báwo ni - como - quando se deseja expressar sentimento e posicionada antes do verbo principal. Báwo ni àwọn ti rí? - Como eles estão?.

Yorùbá, s. Yorubá. A maior parte dos iorubás vive na Nigéria, mais precisamente na região sudoeste do país. Há também importantes comunidades presentes em Benim, Gana, Togo e Costa do Marfim. Devido ao tráfico de escravos, bastante ativo na área entre os séculos XV e XIX, muitos traços da cultura, língua, música e demais costumes foram disseminados por extensas regiões do continente americano, com destaque para Brasil, Cuba, Trinidad e Tobago e Haiti. Boa parte da população negra no Brasil veio de terras iorubás.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Ìdánwò mẹ́ta (ọdún kíní)

NOME                                                N°          SÉRIE



                   PROVA DE FILOSOFIA


1.  Nietzsche identificou os deuses gregos Apolo e Dionísio, respectivamente, como

a) Complexidade e ingenuidade: extremos de um mesmo segmento moral, no qual se inserem as paixões humanas.

b) Movimento e niilismo: polos de tensão na existência humana.

c) Alteridade e virtu: expressões dinâmicas de intervenção e subversão de toda moral humana.

d) Razão e desordem: dimensões complementares da realidade.

e) Amor e Paixão: sentimentos intensos da vida humana.


2.  Em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos ou "o homem lobo do homem". Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam. Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias; a posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe; a única lei é a força do mais forte, que pode tudo quanto tenha força para conquistar e conservar.
(Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. Editora Ática, 2001)
O trecho representa o pensamento do filósofo
(A) Rousseau.
(B) Hobbes.
(C) Hegel.
(D) Locke.
(E) Marx.

3. Qual das frases a seguir apresenta um exemplo de alteridade?
a) Não há nada naquele país que me interesse.
b) Não gosto de pessoas roqueiras.
c) Eu aprendi, com nossas diferenças, quanto tenho de crescer.
d) Pessoas tatuadas são assustadoras.
e) Homem não chora.

4) A democracia ateniense antiga (dos séculos V e IV a. C.) possui algumas características que a torna diferente das democracias modernas, ainda que estas se inspirem nela para se constituírem. São características da democracia ateniense, referentes ao período acima relacionado, as seguintes assertivas:

I. Na democracia ateniense, nem todos são cidadãos. Mulheres, criança, escravos e estrangeiros são excluídos da cidadania.

II. É uma democracia representativa, como as modernas. Um cidadão? Mais sábio? É escolhido para representar o povo, garantindo, portanto, o poder de um sobre os outros.

III. É uma democracia direta ou participativa, e não uma democracia representativa, como as modernas. Na democracia ateniense, os cidadãos participam diretamente das discussões e da tomada de decisões, pelo voto.

IV. A democracia ateniense não exclui da política a ideia de competência ou de tecnocracia: em política uns são mais sábios e competentes que outros (os cidadãos comuns), aqueles devendo exercer o poder sobres estes.

Assinale a alternativa correta.
a) As assertivas III e IV são corretas.
b) As assertivas II, III e IV estão corretas.
c) As assertivas I, II e IV são corretas.
d) Apenas a assertiva I está correta.
e) As assertivas I e III são corretas.
5. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.                                  MONTESQUIEU, B. Do Espírito das Leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja
A) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
B) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
C) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
D) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
E) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governo eleito.


Àwọn ìdáhùn: 1(kẹ́rin)
                       2 (kéjì)
                       3 (kẹ́ta)
                       4 (kárún)
                       5 (kẹ́rin)

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Feminismo negro

Ọ̀rọ sísọ náà ṣe ń lọ lọ́wọ́. 
Palestra ao vivo.                                                            

Angela Davis, no Brasil / BAHIA, ao vivo na TVE.



Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Ìṣe ìwa ti obìnrin dúdú, s. Feminismo negro. O feminismo negro é a designação utilizada para nomear o movimento de mulheres atuantes tanto na esfera da discussão de gênero quanto na luta antirracista.
Ẹ̀kọ́, s. Aula, educação, instrução. 
Ìpàdé, s. Reunião, encontro.
Ìdánilẹ́kọ̀ọ́, s. Aula, conferência, palestra. 
Yàrá ìkẹ́kọ̀ọ́, s.  Aula. 
Ìbá-sọ̀rọ, ọ̀rọ sísọ, s. discurso, sermão, palestra.
Náà, pron. dem. Aquele, aquela, aquilo.
Náà, art. O, a, os, as. 
Náà, adv. e conj. pré-v. Também, o mesmo.
Ṣe, v. Fazer, causar, desempenhar. Ser.
Ń, v. Estar. Indicador de  gerúndio.
Ń, adv. pré-verbal. O prefixo "ń" no verbo indica não só uma ideia presente como uma ação que esteja ocorrendo, em desenvolvimento (gerúndio). Pela sua função, é equivalente ao verbo auxiliar estar em português.
Lọ, v. Ir.
Lọ́wọ́, s. Mãos. Usado no sentido de dar apoio e segurança a alguma coisa. Ti ń lọ lọ́wọ́ - atual.

Beleza negra do Sudão do Sul


Ẹwà dúdú ti ilẹ̀ Gúúsù Sudan.
Beleza negra do Sudão do Sul.

Nyakim Gatwech

Foto de Nyakim Gach Gatwech.


Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Ẹwà, s. Beleza, graciosidade.
Dúdú, adj. Negro, preto.
Dúdú, dú, v. Ser preto, ser escuro.
Ti, prep. de ( indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido. Ilé ti bàbá mi = ilé bàbá mi ( A casa do meu pai).
Ilẹ̀, s. Terra, solo, chão.
Gúúsù, gúsù, s. Sul.
Sudan, s. Sudão.
Ilẹ̀ Gúúsù Sudan, s. Sudão do Sul.
Gúúsù Sudan, Sudão do Sul.