sábado, 5 de novembro de 2016

Semana da consciência negra 5


Ọ̀sẹ̀ ti ọkàn dúdú.
Semana da consciência negra.



1. Àwọn ẹrú ti wúrà ti ojú búlúù Yúróòpù. 
Os escravos loiros de olhos azuis da Europa.


Por Marcelo Andreguetti

Parece bizarro imaginar que Finlândia e Suíça, que hoje estão entre os países com a melhor qualidade de vida no planeta, sofreram com escravidão em suas histórias recentes. Enquanto os finlandeses foram tratados como mercadoria no Mar Negro, entre os séculos XII e XVIII, a Suiça foi manchada por ter feito a prática com seu próprio povo. E isso até, pelo menos, 35 anos atrás.


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Wikimedia Commons

Antes ainda que o horror da escravidão negra deixasse suas feridas profundas na História, a migração forçada de pessoas para trabalho escravo era uma realidade que assombrava povos que, hoje, passam longe do que poderíamos imaginar sendo explorados.

Os egípcios da Antiguidade escravizaram os judeus, enquanto os Romanos escravizavam pobres, bárbaros e criminosos, muitas vezes sem distinção étnica (entre os séculos I e V, a maioria dos escravos eram nascidos na Itália). Depois da queda do Império Romano, foi mais uma questão de cristãos contra muçulmanos: uns escravizando os outros, de acordo com o domínio que possuíam. Não é por acaso que muitos extremistas do Estado Islâmico defendam atualmente a escravidão dos “infiéis”: não escapariam nem outros muçulmanos menos radicais.

Mas o tráfico humano da Crimeia tinha um foco diferente: a maioria dos escravos eram brancos originários da Ucrânia, Polônia e sul da Rússia. E, dentre eles, poucos eram homens trabalhadores. As pessoas exploradas eram crianças e mulheres destinadas ao serviço doméstico – o que, com frequência, incluía exploração sexual.

O Canato da Criméia se sustentava basicamente desse comércio, e tinha a preferência por mulheres e crianças que tivessem uma beleza exótica e, por consequência, mais valiosa. O mercado de lá valorizava negros da África Sub-Saariana e os povos circassianos do Cáucaso. Porém, a variedade mais cara e lucrativa era, de longe, crianças finlandesas entre 6 e 13 anos de idade. De preferência loiras e com olhos azuis, essas crianças eram compradas de contrabandistas no distrito de Karelia, ao sul da Finlândia, e revendidas por uma margem de lucro de até 133.000% no Mar Negro.


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Wikimedia Commons

Russos, tartares e persas costumavam montar inúmeras ofensivas à Finlândia com o propósito específico de capturar crianças para vendê-las no mercado. Na época, não havia um estado finlandês consolidado e, embora o território já tivesse quase todo se convertido ao cristianismo durante a Idade Média, uma grande parcela da população ainda era pagã. Com isso, eles não tinham proteção da Igreja e ainda eram tratados como compra potencial tanto para muçulmanos quanto cristãos. Para se ter uma ideia dos horrores que esses finlandeses enfrentavam, a estimativa era de que, pelo menos uma vez a cada 10 anos entre os séculos XIV e XVI, os vilarejos locais sofriam ataques em busca de escravos. Algumas famílias pagavam para recuperar seus parentes, mas a maioria não tinha dinheiro o suficiente. E as crianças capturadas jovens demais para caminhar eram abandonadas no gelo até a morte.


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Via

Isso pode até parecer muito distante no tempo, mas no caso da rica Suíça, a prática se estendeu entre os séculos XIX e XX. As “Verdingkinders” (em português: crianças sob contrato) eram crianças tiradas de famílias pobres e de mães solteiras pelas autoridades, sob o pretexto de que elas não teriam condições de sobrevivência. Depois, os meninos e meninas eram vendidos a fazendeiros e fábricas, onde estariam condenados ao trabalho forçado. Não fosse o bastante, a maioria dessas crianças também sofria com espancamentos e abusos sexuais constantes. Isso foi uma realidade comum pelo menos até a década de 50.

O documentário Verdingkinder Reden (inédito no Brasil), de 2012, traz depoimentos de muitas dessas pessoas que tiveram sua infância negada. Estima-se que 100 mil crianças tenham sido escravizadas durante o período. O fim da prática veio apenas em 1981, com a adição de cláusulas à lei suíça afim de garantir que a privação de liberdade sob o propósito de assistência social se tornasse ilegal. No entanto, a mancha deixada na história do país foi tão forte, que até hoje o assunto é tratado como tabu – tanto por quem foi escravizado quando pelas autoridades. A Association for Stolen Children (Associação pelas Crianças Roubadas, em português) presidida por Walter Zwahlen, tem apenas 40 membros (mesmo com a estimativa de que 10 mil das crianças escravizadas ainda estejam vivas), e o primeiro pedido de desculpas oficial do país veio apenas em 2010, após um inquérito parlamentar que reconheceu como injusta a prisão de várias mulheres que eram “fugitivas” dos campos onde trabalhavam. Um projeto que visa compensar as vítimas escravizadas tramita desde 1999 no parlamento suíço. Mas, até o momento, nada foi definido.

Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/historia-sem-fim/os-escravos-loiros-de-olhos-azuis-da-europa/


2. Àwọn aláwọ̀funfun di ẹrú ní Orílẹ̀-èdè Onímàle.
Brancos escravizados no Estado Islâmico.



Militantes do Estado Islâmico raptam, escravizam e vendem mulheres e crianças Yazidi, de acordo com a edição mais recente de uma revista supostamente publicada pelos extremistas. É a primeira confirmação pública do grupo sobre essas alegações.


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Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-10-14/estado-islamico-justifica-escravizacao-de-mulheres-e-criancas-yazidi.html


3. Àwọn òyìnbó di ẹrú ní Áfríkà.
   Europeus escravizados em África.



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Áfríkà ti sọdi ẹrú 1 míllíon ènìyàn aláwọ̀ funfun, wí akọ̀wé ìtàn.

África escravizou 1 milhão de brancos, diz historiador.


Uma das coisas que o público e muitos especialistas tendem a dar como certa é que a escravidão [na Idade Moderna] sempre foi de natureza racial –ou seja, que apenas os negros foram escravos. Mas não é verdade.
África escravizou 1 milhão de brancos, diz historiador
da Reuters, em Washington
Mais de 1 milhão de europeus foram escravizados por traficantes norte-africanos de escravos entre 1530 e 1780, uma época marcada por abundante pirataria costeira no Mediterrâneo e no Atlântico. A informação é do historiador americano Robert Davis, que falou sobre o assunto anteontem.
Segundo ele, embora o número seja pequeno perto do total de escravos africanos negros levados às Américas ao longo de 400 anos –entre 10 milhões e 12 milhões–, sua pesquisa mostra que o comércio de escravos brancos era maior do que se presume comumente e que exerceu um impacto significativo sobre a população branca da Europa.
Uma das coisas que o público e muitos especialistas tendem a dar como certa é que a escravidão [na Idade Moderna] sempre foi de natureza racial –ou seja, que apenas os negros foram escravos. Mas não é verdade , disse Davis, professor de história social italiana na Universidade Ohio State
“Ser escravizado era uma possibilidade muito real para qualquer pessoa que viajasse pelo Mediterrâneo ou que habitasse o litoral de países como Itália, França, Espanha ou Portugal, ou até mesmo países mais ao norte, como Reino Unido e Islândia.”
Piratas
Davis escreveu um livro sobre o tema, recém-lançado, chamado “Christian Slaves, Muslim Masters: White Slavery in the Mediterranean, the Barbary Coast, and Italy, 1500-1800″ (escravos cristãos, senhores muçulmanos: a escravidão branca no Mediterrâneo, na costa Berbere e na Itália). Nele, o historiador calcula que entre 1 milhão e 1,25 milhão de europeus tenham sido capturados no período citado por piratas conhecidos como corsários e obrigados a trabalhar na África do Norte.
Os ataques dos piratas eram tão agressivos que cidades costeiras mediterrâneas inteiras foram abandonadas por seus moradores assustados.
“Boa parte do que se escreveu sobre o escravagismo dá a entender que não houve muitos escravos [europeus] e minimiza o impacto da escravidão sobre a Europa”, disse Davis em comunicado.
“A maioria dos relatos analisa apenas a escravidão em um só lugar, ou ao longo de um período de tempo curto. Mas, quando se olha para ela desde uma perspectiva mais ampla e ao longo de mais tempo, tornam-se claros o âmbito maciço dessa escravidão e a força de seu impacto.”
Remadores em galés
Partindo de cidades como Túnis e Argel, os piratas atacavam navios no Mediterrâneo e no Atlântico, além de povoados à beira-mar, para capturar homens, mulheres e crianças, disse o historiador.
Os escravos capturados nessas condições eram colocados para trabalhar em pedreiras, na construção pesada e como remadores nas galés dos piratas.
Para fazer suas estimativas, Davis recorreu a registros que indicam quantos escravos estavam em determinado local em determinada época.
Em seguida, estimou quantos escravos novos seriam necessários para substituir os antigos à medida que eles iam morrendo, fugindo ou sendo resgatados.
“Não é a melhor maneira de fazer estimativas sobre populações, mas, com os registros limitados dos quais dispomos, foi a única solução encontrada”, disse o historiador, cujos trabalhos anteriores exploraram as questões de gênero na Renascença.
Fonte: www.folha.uol.com.br

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Àwọn, wọn, pron. Eles elas. Indicador de plural.   
Ẹrú, s. Escravo.
Ti wúrà, adj. Loiro.
Góòlù, wúrà, s. Ouro.
Yẹ́lò, s. Amarelo (do inglês yellow).
Yẹ́lò, adj. Amarelo, cróceo, flavo, louro, flavescente
Ṣafa, pupa rúsúrúsú, iyèyè, s. Amarelo.
Pupa ẹyin, s. Gema do ovo, a parte amarela do ovo.
Yúróòpù, Yúrópù, s. Europa.
Ojú, s. Olhos.
Búlúù, s. Azul (do inglês blue).
Búlúù, adj. Azul.
Wájì, s.Pó azul, anil. 
Àwọ̀ ojú ọ̀run, s. Azul.
Òféèfe, adj. Azul-claro, azul-celeste.
Òyìnbó, s. Europeu.
Di ẹrú, adj. Escravizado.
, prep. No, na, em. Usada para indicar o lugar em que alguma coisa está. Indica uma posição estática.
Áfríkà, s. África.
Ti, part. pré.v. Já. Usada para indicar o tempo passado dos verbos.
Sìn, lí ẹrú, sọdi ẹrú, v. estravizar. 
Òwò ẹrú, oko ẹrú; títà àti ríra ènìyàn, s. Escravidão.
Káwọ́, v. Dominar, ter autoridade, ter controle sobre.
Míllíon, num. Milhão.
Òyìnbó, aláwọ̀funfun, ènìyàn aláwọ̀ funfun, s. Branco.
Ẹlẹ́yàpúpọ̀, s. Mestiço, pardo.
Adúláwọ̀, s. Pessoa negra, africano.
Wípé, v. Dizer que.
, v. Dizer, relatar.
Ìtàn, s. História, mito.
Òpìtàn, akọ̀wé ìtàn ìjọba tàbí ti ènìà,  akọ̀ìtàn, akọ̀wé ìtàn,  s. Historiador.
Akọ̀wé. s. Escritor, secretário, escrevente.


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