sábado, 5 de novembro de 2016

Semana da consciência Negra 6

Ọ̀sẹ̀ ti ọkàn dúdú.
Semana da consciência negra.

Oko ẹrú nínú ti orílẹ̀ Áfríkà.


Escravidão interna do continente africano.


1. Por que os africanos escravizaram os próprios africanos e os vendiam aos brancos?

   Os africanos não escravizavam africanos, nem se reconheciam então como africanos. Eles se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha os mesmos costumes e adoravam os mesmos deuses. Eles escravizavam os inimigos e os estranhos.

Como em muitos momentos da história da humanidade, também na África a escravidão era uma instituição presente em algumas civilizações. Desde a antiguidade remota que a escravidão era praticada no continente, assim como havia sido praticada na Grécia, em Roma, na Europa feudal (de forma residual) e no Oriente.

2. Escravidão interna do continente africano.


Escravidão interna do continente africano era distinta do tráfico de escravos que passou a vigorar depois das conquistas de territórios africanos por portugueses e demais povos europeus a partir do século XV e XVI. A principal diferença era que a escravidão na África não tinha o caráter comercial adotado após o desenvolvimento do tráfico de escravos através do oceano Atlântico.

Um dos sistemas que existiam na África negra era o jonya, difundido no Sudão ocidental, no Níger e no Chade. O jon era o cativo, um escravo ligado a uma linhagem e que não podia ser cedido nem vendido, tendo direito à maior parte do que produzia. Pertencia nesse sistema ao Estado e ao seu aparelho político.

Entre os cubas, por exemplo, havia venda apenas esporádica de escravos. O aumento populacional representava também o aumento do poder do monarca, o que levava ao estímulo da procriação das mulheres escravas. Os filhos destas nasciam livres e os seus netos incorporavam-se à sociedade. Por esses fatores, a venda de escravas era quase inexistente.

Trabalhadores qualificados que eram escravos também não eram vendidos em muitas das sociedades africanas. A escravidão com cunho comercial, que em alguns locais substituiu o jonya, começou a ganhar força com a islamização de algumas áreas do continente africano, principalmente no Norte.


Entretanto, a escravização em massa ocorreu com a abertura das rotas comerciais no Atlântico. A ligação comercial do continente africano com a Europa e a América transformou o escravo em um dos principais produtos de exportação, gerando grandes lucros à elite de várias sociedades africanas. Tal situação ampliou o número de escravos se comparada aos antigos sistemas existentes na África e garantiu a exploração dos vastos territórios recém-conhecidos na América.

Legislação africana

* O Kouroukan Fouga, a Constituição do Império do Mali veementemente proíbe maus-tratos ao escravo em seu artigo 20.
* O islã prescreve aos religiosos tratar os escravos “generosamente” (ihsan) (IV, 36) e considera a alforria como um gesto merecedor e uma obra de beneficência (II, 117; XC, 13).

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