Guerreiros indígenas civilizam povos bárbaros.
Ìwé gbédègbéyọ̀ (Vocabulário).
Ti ìbílẹ̀, adj. Indígena ,
Ọ̀làjú, s. Uma pessoa civilizada.
Ìlàjú, s. Civilização.
Láì ọ̀làjú, adj. Sem civilização.
Àìkọ́, ad. Inculto.
Ènìyàn, ènìà, s. Pessoa, povo, seres humanos.
Àìlàjú, adj. Não-civilizado.
Lajú, v. Abrir os olhos de alguém, ser civilizado, ser refinado.
Índios criam 'exército' contra madeireiros
06/09/2014
Fonte: FSP, Poder, p. A20
Índios criam 'exército' contra madeireiros
Líder da etnia kaapor diz que indígenas decidiram pegar em armas e agir sozinhos por não aguentarem mais pedir ajuda
Grupo que extraía madeira em reserva no MA apanhou muito e saiu quebrado, diz integrante de tribo
LUCAS REIS DE MANAUS
Os índios da etnia kaapor que agrediram e expulsaram madeireiros ilegais de suas terras há um mês, no Maranhão, dizem que não "aguentavam mais" pedir ajuda e que, por isso, resolveram agir por conta própria.
A afirmação é de Itahu Kaapor, 32, que representa os quase 2.000 kaapor da Terra Indígena Alto Turiaçu.
Segundo ele, os índios criaram um "exército de selva" com 150 integrantes e farão nova investida contra madeireiros neste mês.
"Estamos em guerra. E nós enfrentamos [os madeireiros] mesmo, porque ninguém quer nos ajudar. A gente não aceita mais isso. A Funai [Fundação Nacional do Índio] nos deixou há meses, então resolvemos agir. Estamos fazendo o que o poder público deveria fazer", disse o índio.
No início de agosto, 16 madeireiros que trabalhavam ilegalmente na terra indígena da etnia kaapor foram amarrados, agredidos e tiveram membros fraturados por 50 índios guerreiros.
Procurada para comentar o caso, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República não respondeu.
"Eles [madeireiros] nem falavam nada, só mostravam ter medo. [Os índios] bateram muito neles, muito. Saíram quebrados, com braço e perna quebrado. Soltaram na floresta. Não sabemos se sobreviveram", disse Itahu, que diz não ter participado da ação.
O líder kaapor disse que os problemas envolvendo madeireiros aumentaram nos últimos dois anos, com ameaças, agressões e outros episódios violentos. Em janeiro deste ano, índios foram recebidos a tiros e dois se feriram.
Um processo que se arrasta desde 2008 na Justiça Federal obrigou Funai, Ibama e União a patrulhar a região para evitar o avanço da exploração ilegal de madeira --todos recorrem da decisão.
O Ibama diz que recorre porque "o Judiciário não pode pedir a criação de postos sem que exista orçamento". Diz ter feito quatro operações na área após o alerta da Procuradoria. A Funai afirma que tem fiscalizado a região. Informou ainda, sem citar a razão, que recorre da decisão judicial, e que o número de agentes é "insuficiente para atender a demanda".
BASE DE TREINAMENTO
Em fevereiro, o Ministério Público Federal no Estado alertou os órgãos sobre a iminência de conflitos na área.
"Ninguém vigia nada, e os madeireiros começaram a entrar em todo lugar. Então criamos uma aldeia que serve de base de treinamento para nossos guerreiros", afirmou Itahu, por telefone.
Desde então, começaram a traçar táticas e aprofundar o treinamento de jovens indígenas de 18 a 25 anos.
O confronto do mês passado começou, disse Itahu, quando um dos índios ouviu o barulho de máquinas e localizou a área desmatada.
Em poucas horas, armados com flechas e paus, os índios cercaram e espancaram os 16 madeireiros. Queimaram seis caminhões, quatro tratores e a madeira encontrada.
O líder ironiza o fato de não terem acionado a polícia. "Para quê? Eles levam para a cidade, soltam e no outro dia estão de volta", afirmou.
A próxima investida, diz o índio, será neste mês, para fechar as duas últimas estradas ainda usadas por madeireiros dentro da terra kaapor.
Cardozo pede à PF que apure conflito no MA
DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quer que a Polícia Federal apure os ataques de índios a madeireiros no Maranhão.
Ele também pediu um relatório à Funai (Fundação Nacional do Índio) sobre a situação na reserva Alto Turiaçu e afirmou que vai procurar a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) para tratar do caso.
O Ministério Público Federal pediu à PF, à Funai e ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) que adotem medidas urgentes para fiscalizar e proteger as terras indígenas no Maranhão. A Procuradoria encaminhou ofício aos três órgãos relatando os ataques recentes.
Madeireiros que trabalhavam ilegalmente na terra indígena da etnia kaapor foram amarrados e agredidos por índios armados antes de serem expulsos da reserva Alto Turiaçu. A ação, ocorrida há cerca de um mês, foi registrada em imagens, divulgadas na quinta (4) pela agência Reuters.
Segundo a Procuradoria, os conflitos entre índios e madeireiros na região são recorrentes. A Justiça Federal já havia determinado que o governo federal mantivesse postos de fiscalização para coibir atividade ilegal de devastação em terras indígenas.
FSP, 06/09/2014, Poder, p. A20