sábado, 6 de junho de 2015

Filosofia africana

Ìmòye bàntú ti ilẹ̀ Àngólà.
Filosofia bantu de Angola.

" O bantu vive pela comunidade, nela e para ela. É essencialmente social, comunitário, participante, comungante. No Ruanda sintetizam-no assim: o homem é a reciprocidade".



Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Ìmòye, s. Filosofia.
Bàntú, s. Bantu.
Ti, prep. De (indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido.
Ilẹ̀, s. Terra, solo, chão.
Àngólà, s. Angola.
Orílẹ̀-èdè Olómìnira ilẹ̀ Àngólà, s. República de Angola.
Orílẹ̀-èdè Olómìnira, s. República.
Orílẹ̀, s. Nome que denota um grupo de origem ou clã.
Orílẹ̀-èdè, s. Estado, nação.
Èdè, s. Idioma, língua, dialeto.
Olómìnira, adj. Independente.

FILOSOFIA AFRICANA: O ETONISMO
Por: Belarmino Van-Dúnem




O Etonismo autodefine-se como uma filosofia da arte sobre a Razão Tolerante, é a apreciação da arte como pedagogia. Me parece uma proposta aliciante num mundo onde o humanismo parece estar a perder terreno e porque seria a continuidade de outras correntes filosóficas, desde a Grécia antiga, passando pela idade média com o domínio da igreja que embora o homem tenha elevado o pensamento para o Ser em Si, o objecto de toda a acção concreta continuava a ser o Homem. Até a filosofia humanista que surge no século XIX, contrapondo-se ao iluminismo que tinha algumas nuances da patrística que dominou o período medievo. O próprio humanismo marxista, indo até as filosofias mais elaboradas e extremas que dominaram o século XX, como Immanel Kant e Hegel, uma espécie de comparação moderna entre Platão e Aristóteles na Filosofia Antiga ou Santo Agostinho e São Tomás da Aquino na filosofia do período medievo.
O Etonismo ao se apresentar como uma filosofia de raiz bantu angolana é também africana e universal, seguindo a lógica silogística:
Angola é um Estado africano;
O Etonismo é uma filosofia com base na raiz bantu angolana;
Logo, o Etonismo é uma filosofia africana.
Esta preposição é irrefutável, por isso traz consigo um conjunto de interrogações cujas respostas só poderão ser alcançadas através de uma sistematização do pensamento abstracto universalista e tolerante. Partindo do pressuposto cientifico de que um paradigma pode ser refutado sempre que não satisfaça as exigências do presente, é possível que o Etonismo se afirme como uma corrente filosófica universal se alargarmos a lógica silogística para o facto de África ser um continente inserido no concerto das nações.
Mas estaríamos aqui a fazer sofismas se não analisarmos os fundamentos desta proposta filosófica de raiz nacional dentro da sistematização necessária para que possamos reclamar um lugar no pensamento filosófico pós-moderno.
No espírito positivista os povos africanos não teriam uma filosofia, tomando erradamente a filosofia ou os pressupostos da dialéctica hegeliana, inclusive se fala dos povos sem história, mas com a luta pioneira travada de forma heróica pelo Professor Joseph Ki-Zerbo hoje podemos considerar heresia afirmar que um determinado povo não tem história. Assim acreditamos que existem grandes possibilidades de sistematizarmos cada vez mais a corrente etoniana como filosofia universal. Tendo em atenção a natureza epistemológica do tema e da proposta, neste artigo vou ensaiar a origem da corrente etoniana para compreender as premissas dessa corrente filosófica nacional.
Mas antes de mais, devo afirmar que estamos perante uma filosofia! Quem discorre sobre o texto e aprecia a arte etoniana não precisa de muita abstracção para encontrar o diálogo mantido entre o filosofo e a natureza que, por sua vez evade a imaginação transcendental, corporalizando o ideal bizarro no desejo intimo do autor de uma espécie de comunitarismo em oposição ao societário que é mais urbano, individual e anónimo.
O chamamento da arte etoniana é real. Existe uma relação directa entre os frescos da natureza morta e o dinamismo na escultura pan-africana. A primeira expressando o marasmo e a angustia social do continente e a segunda o dinamismo e o presente que circunscrevem a mudividência do filosofo. Existe uma espécie de grito, de apelo desesperado para que o Homem se encontre a si próprio, fugindo o Eu, indo ao encontro do Tu, no sentido de encontrar o Nós, que segundo o autor é a essência da sua filosofia, “o Nós Coerente” no qual “deve basear-se todo o direito”.
Patrício Batsîkama (2009) no seu livro intitulado Etonismo vai buscar o étimo da palavra etona nas línguas nacionais Kikôngo; Umbûndu e na Nyaneka para justificar a tolerância enquanto essência do etonismo. Mas aqui aparece a primeira dúvida metódica já que o autor do etonismo responde pelo mesmo nome. Nesse caso, há necessidade de esclarecer como surge esta convergência da expressão filosófica com o nome do seu autor. Por exemplo, nós conhecemos a filosofia hegeliana, vem de Hegel, o platonismo, Platão ou mesmo a filosofia socrática, analisando Sócrates. Mas ninguém compreende essas correntes filosóficas indo a procura da análise do étimo nomes dos seus autores, Platão significa costas largas, nome atribuído a Platão pelo seu professor porque possuía um porte atlético considerável, essa alcunha “Platão” não tem nenhuma relação com os fundamentos da filosofia platónica. Mas conhecemos outras correntes filosóficas como o Positivismo cujo termo não está directamente ligada ao nome do seu fundador Auguste Comte, por exemplo.
O texto não é claro sobre quem terá surgido primeiro, se foi o Etona sujeito fundador da corrente ou a obra filosofica que passou a ser designada de Etona pelo seu artífice com base no conhece da língua nacional Kikôngo, encontrando respaldo noutras línguas como acima foi descrito.
A primeira hipótese cria uma grande dificuldade porque entraríamos numa espécie de predestinação, ou seja, mesmo sem saber do seu destino, o espírito Etona encarna a pessoa exacta, neste caso todas as mulheres com o nome de Sofia seriam sábias em potência. Já a segunda hipótese nos permite ultrapassar o dilema existente entre o autor e a corrente, acreditando que a alcunha de “Etona” surge como consequência da arte etonista que acabou por absorver o seu próprio autor.
Uma outra interrogação que surge durante a análise do livro é o facto de não existir uma introdução clara sobre o método utilizado pelo autor do livro “Etonismo” para apresentar os aforismos que compõem a essência da filosofia etoniana. Por exemplo, o pensamento socrático nos foi dado a conhecer pelos apontamentos do seu discípulo Platão recolhidos durante as aulas. A filosofia hegeliana também é conhecida pelos apontamentos dos estudantes que frequentaram as aulas daquele filósofo.
O Etonismo e sua lógica advêm de algumas lições do “Etona” filósofo, ou são interpretações do autor do livro etonismo a partir da sua visão da arte etoniana?
Há necessidade de aprofundarmos mais o nosso conhecimento sobre o etonismo. É uma responsabilidade de todos nós, angolanos, africanos e cidadãos cosmopolitas. Os Ministérios da Cultura, Educação e do Ensino Superior Ciência e Tecnologia deveriam criar as condições necessárias para que se realizasse um simpósio internacional sobre o etonismo. Penso que valerá a pena, é nosso e só nós sairemos a ganhar com essa proposta.
A sistematização do etonismo fará de Angola um país mais forte culturalmente e estaremos no cerne do debate de algo que nasceu em Angola e poderá entrar na história da filosofia universal como referência seja de que forma for. E com certeza que é menos oneroso que muitos colóquios cujos prelectores cobram rios de dinheiro para dizer que é necessário mais ajuda para África. Isso não é filosofia, nem tentativa de filosofar e constatação. Eu já entrei no etonismo e vou aprofundar os meus conhecimentos sobre esta corrente filosófica porque acho que é uma forma de afirmar a nossa angolanidade sem complexos e mostrar a profundeza do espírito nacional que está muito alem do estar e do ter, muitos já encontraram o ser e o saber estar.

 Belarmino Van-Dúnem

Minha foto

 Lincenciado em Filosofia; - Pós-Graduado em Relações Internacionais Africanas; - Mestre em Estudos Africanos - Desenvolvimento Social e Economico em África: Análise e Gestão; - Professor de Politica Externa do Estado e Diplomacia. - Publicou 2008: Prevençãoo de Conflitos em África - Da OUA a União Africana; - 201o: Poesia "A Dor que Pari"; 2011: "Globalização e Integração Regional em África". - Foi Conselheiro Diplomatico do Ministro da Defesa Nacional - "2010/2011; - Coodernador do Curso de Relações Internacionais da Universidade Lusíada de Angola - 2009/2010; - Técnico Superior do Ministério do Planeamento de Angola; - Actualmente desempenha as Funções de Director do Centro de Estudos Pós-Graduação da Universidade Lusíada de Angola; Analista de Politica Internacional na Televisão Pública de Angola; Rádio Nacional de Angola e LAC antena Comércial; - Articulista do Jornal de Angola; - Várias Conferências no país e internacionais com especial destaque para as questões internacionais intra-africanas.



quinta-feira, 4 de junho de 2015

Orí

Ẹ kú orí' re o!
Saudação a uma pessoa que tem uma boa cabeça, que tem sorte.

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

, pron. pess.Vocês. Forma alternativa de ẹ̀yin.
 É usado para demonstrar respeito quando se dirige a um senhor ou senhora, em qualquer tipo de expressão.
, v. Verbo usado com outras palavras para saudar a pessoa.
Orí, s. Cabeça física.
Orí inú, s. Cabeça interior.
Ire, oore, s. Bondade, bênção, sorte.
O, ìwọ, pron. pess. Você.
O, part. adv. Forma frases exclamativas para ênfase.
                                                       

















terça-feira, 2 de junho de 2015

Orin Yemọjá

  Orin Yemọjá 
                                                 
                                                 

kwadwo safo kantanka

                                                       
 Olókìkí oníhùmọ̀ ti ilẹ̀ Ghánà.

 O famoso inventor de Gana.

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Olókìkí, s. Pessoa famosa.
Oníhùmọ̀, s. Inventor.
Ti, prep. De (indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido.
Ilẹ̀, s. Terra, solo, chão.
Ghánà, s. Gana.




  Apostle Dr. Kwadwo Safo, the Shining  Star of Africa



     

 Obras de Kwadwo Safo 

03 de janeiro de 2014 

"Kantanka Odeneho" é um carro do bar não-motor que não depende de um motor de combustão para se mover, mas um motor elétrico alimentado por baterias recarregáveis.
  

31 de janeiro de 2013 

O Safo Suaye Centro Apóstolo Technology Research (ASSTRC), liderado por Kwadwo Safo, está actualmente a fabricação de dois veículos por ano. No entanto, até 2015, se as coisas funcionam como planejado, Kwadwo Safo e sua equipe deve ser capaz de fabricar cerca de 500 carros por ano. Isso será possível graças à construção de uma nova fábrica de montagem automóvel que vai fabricar as várias marcas de veículos Kantanka. 
  
Kumatoo.com aprendeu, mas não verificados, que o ASSTRC tem experimentado com sucesso já a fabricação de um carro que tem motor e move-se apenas com a ajuda de uma bateria com energia solar. 

08 de junho de 2012 

O inventor surgiu com outro protótipo: um lançador de mísseis móvel, que é constituído por uma plataforma que pode girar 360 ° para atingir as metas de praticamente qualquer ângulo.Mísseis também pode ser lançada na vertical a partir da parte superior da plataforma giratória.Esta máquina não é revolucionário, e bastante rudimentar. 
No entanto, para os líderes africanos visionários, isso mostra a capacidade de inventores africanos, se apoiada por seu governo, para tornar-se fabricantes e fornecedores de máquinas de guerra que podem contribuir para o sucesso das missões dos exércitos dos Estados-Membros Africano. 

02 de novembro de 2009 

Kwadwo Safo é um inventor ganês nascido em 1948 e pai da primeira casa feita carros de Gana. Em 1971, ele fundou a Igreja Asafo Kristo que tem, desde então, contribuíram fundamentalmente no desenvolvimento e promoção da ciência e da tecnologia de origem local em Gana. 
Em 1998, ele fabricou o carro Kantanka Saloon. Em 2006, o Kantanka Onantefo I (4x4) foi fabricado e um modelo melhorado foi produzido em junho de 2007 chamado Kantanka Onantefo II (4x4). Em 30 de dezembro de 2007, a Kantanka Obrempon (um 4x4 limusine preta), que fica a 26 metros de comprimento, e uma máquina escavadora amarela com lagartas foram exibidas também. 
  
O Asafo Igreja Kristo tem uma Divisão Técnica, o Grande Kosa Ltd., que visa a construção de uma fábrica de montagem de automóveis na Região Central de Gana. 
O ex-diretor-gerente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, visitou Tecnologia da Grande Kosa Ltd. e Centro de Pesquisa, o que mostra que o trabalho de Kwadwo Safo tem ido além dos limites do Gana. O Centro de Tecnologia e da Grã Kosa Ltd. A pesquisa é composta por vários departamentos, incluindo mecânica e automobilística, Eletricidade e Eletrônica, Fundição, Medicina Flora, Investigação Animal, Construção, etc. que desenvolver produtos adaptados às necessidades locais para ajudar a reduzir importações . 
Kwadwo Safo está trabalhando em outro projeto muito importante, que é a fabricação de uma aeronave, como mostrado abaixo. 

Ele tem, entre outras coisas, costura e bordado máquinas projetadas e fabricadas, uma máquina de moldagem de bloco móvel capaz de produzir 16 blocos por vez, televisores tela plana com sensor de volume ou canais ajustados aplaudindo as mãos, slashers de plantas daninhas, máquinas de solda ponto, sensor de torneiras ... invenções por Kwadwo Safo e sua equipe são na sua maioria feitos com materiais locais. 
Imagens: Kantanka 
Para saber mais: http://www.kantanka.com 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Documentario das Três Irmãs da Turquia(Completo)

                                                                                                                                                                                                                                       
 Fídíò lórí arábìnrin  mẹ́ta ilẹ̀ Túrkì.
Vídeo sobre três irmãs da Turquia.

Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Fídíò, s. Vídeo
Lórí, lérí, prep. Sobre, em cima de.
Arábìnrin, s. Irmã.
Mẹ́ta, num. Total de três.
Ilẹ̀, s. Terra, solo, chão.
Túrkì, s. Turquia.

                                                          

domingo, 31 de maio de 2015

Língua portuguesa e cultura afro-brasileira

  Èdè Pọrtogí



1. Sísọ ní (falado em):

 

2. Ìye àwọn afisọ̀rọ̀ (total de falantes)273 milhões.

3. Èdè ìbátan (família linguística):
Indo-europeia
Itálica
Românica
Ítalo-ocidental
Românica ocidental
Galo-ibérica
Ibero-românica
Ibero-ocidental
Galaico-portuguesa
Português

4. Sístẹ́mù ìkọ (sistema de escrita): alfabeto latino.


5. Lílò bíi oníbiṣẹ́ (estatuto oficial):

Èdè oníbiṣẹ́ ní - Língua oficial em: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatoria, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe,Timor-Leste.

6. Àkóso lọ́wọ́ (Regulado por): Instituto Internacional da Língua Portuguesa; CPLP; Academia Brasileira de Letras (Brasil); Academia das Ciências de Lisboa, Classe de Letras (Portugal).


7. Àwọn àmìọ̀rọ̀ èdè (Códigos de língua):


ISO 639-1: pt

ISO 639-2: por
ISO 639-3: por




  1. A língua portuguesa falada adequadamente

   Da mesma forma que para cada ocasião devemos escolher uma roupa, para cada contexto é preciso escolher uma linguagem. Diante disso, não há uma região que fale mais certo do que outra, nem existe uma proibição do uso da gíria. Entretanto, é preciso entender que há contextos que vão exigir um grau maior ou menor de formalidade.  Então, para que a linguagem seja usada a favor do falante, é necessário adequar-se.

2. Língua culta e coloquial

1. Língua padrão  

  É a norma culta que deve ser utilizada em concursos, publicação de textos, entrevistas. Enfim, aquilo que a gramática diz o que é a linguagem correta. A língua padrão na sua origem é a língua do poder político, econômico e social. Suas formas são asseguradas pelo processo social coercitivo agindo em várias direções. Uma delas é a própria escola que funciona para transmitir e conservar a língua "certa". Outra força é a dos próprios usuários da língua que lutam para alcançar a língua padrão porque sabem que não usá-las em certos contextos implica censura, discriminação e bloqueio à ascensão social.

Características:

*Usada em situações formais e em documentos oficiais;
*Maior preocupação com a pronúncia das palavras;
*Uso da norma culta;
*Ausência do uso de gírias;
*Variante prestigiada.


2. Língua coloquial

A linguagem coloquial, informal ou popular é uma linguagem utilizada no cotidiano em que não exige a atenção total da gramática, de modo que haja mais fluidez na comunicação oral. Na linguagem informal usam-se muitas gírias e palavras que na linguagem formal não estão registradas ou tem outro significado.

Características:

*Variante espontânea;
*Utilizada em relações informais;
*Sem preocupações com as regras rígidas da gramática normativa;
*Presença de coloquialismos (expressões próprias da fala), tais como: pega leve, se toca, tá rolando etc.
*Uso de gírias;
*Uso de formas reduzidas ou contraídas (pra, cê, peraí, etc.)
*Uso de “a gente” no lugar de nós;
*Uso frequente de palavras para articular ideias (tipo assim, ai, então, etc.).

3. Os avanços da tecnologia e sua influência nos falantes da língua portuguesa.

A) O"internetês" é mais que uma degradação da língua, um verdadeiro atentado infame a ela.

        Em artigo publicado no site do Observatório da Imprensa, o escritor Deonísio da Silva, chamou de "besteirol" o novo "idioma" e classificou o fenômeno como "assassinato a tecladas" da língua portuguesa.
      Afora os termos virulentos, Deonísio analisa o assunto com ponderação. Segundo o escritor, nunca se escreveu tanto como nesses tempos de correspondências eletrônicas, mas para ele estão "botando os carros na frente dos bois". Ou seja, esses adolescentes têm acesso à internet e ao celular, mas não à norma culta da língua escrita. Nas palavras de Deonísio: Os pequenos burgueses tinham internet e celular, mas não dominavam a língua escrita. E por isso criaram a deles. Nada espantoso. Também os habitantes das periferias não dominam a norma culta da língua e criam suas gírias, devidamente circunscritas a cada grupo de usuários.
       Para Deonísio, o "internetês" é um sintoma da grave falência educacional, que por sua vez, gera a exclusão dos jovens ao mundo letrado ao qual só poucos têm acesso.

      O"dicionário de internetês" é formado por um punhado de expressões derivadas do inglês, outras tantas abreviações e palavras inventadas que reproduzem o som das sílabas faladas. Qualquer pessoa, razoavelmente alfabetizada e que tenha conhecimento de conceitos rudimentares da língua inglesa, é capaz de decifrar o código.

     O escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura: no filme "Língua, vidas em português" (de Victor Lopes, 2002) Saramago prevê que, em breve, estaremos nos comunicando com grunhidos, como os homens das cavernas. E aí, ele nem se referia à Internet, mas ao fato de que, há apenas 50 anos, a língua era falada e escrita de modo mais belo e rico, por nossos antepassados.

B) A nova escrita na Internet está promovendo um "surto de poliglotas".

        Para Marisa Lajolo, o "internetês" é apenas mais uma linguagem usada pelos jovens para se comunicarem entre si, considerados, por ela, poliglotas pela capacidade de se expressar de maneira diferente com seus pais, professores e com os demais interlocutores da comunidade. Dessa forma, para a escritora, isso demonstra criatividade dos adolescentes em criar um código próprio, que reforça a identidade dos mesmos.
       O poeta Ledo Ivo, declarou na mídia, seu apoio ao que ele batizou de "dialeto eletrônico". Para o acadêmico estamos diante de um fenômeno linguístico e cultural que só comprova a vitalidade da língua e sua capacidade de se transformar através das gerações.
       Seguindo o bom senso do professor Sérgio Nogueira, alguns professores de língua portuguesa já tiveram a iniciativa de promover, em sala de aula, atividades com o dialeto. Não se trata de rejeitar, diminuindo-lhe a importância, ou de elevar aos céus, atribuindo-lhe poderes para "revolucionar" ou mesmo ameaçar a língua portuguesa. Essas experiências em sala de aula têm a qualidade de reconhecer o fenômeno e explorá-lo, mostrando sua dimensão real.


4 - Variaçoes regionais da língua portuguesa no Brasil.


    Não se pode dizer que haja um sotaque mais "correto" que outro. "Quem acha que fala um português sem sotaque, em geral não se dá conta de que também tem o seu próprio, já que ele caracteriza a variação linguística regional, comum a qualquer língua" O sotaque só existe no ouvido de quem tá escutando. Para ele, é o outro que tem sotaque. O que deixa a pergunta no ar: Quem realmente tem sotaque? Ou quem pode se julgar sem sotaque ou falante do melhor português brasileiro? Acho que ninguém. Cada estado ou região tem suas particularidades e riquezas, embora alguns queiram se sobressair, ou se acharem melhor, simplesmente por causa de um sotaque.

5. Como os países africanos de língua  portuguesa pronunciam o nosso idioma?


        Foi em Angola e Moçambique  que a Língua Portuguesa se manteve como língua falada de maneira mais forte. Contudo, muitas línguas (dialetos) nativas se mantém nestes locais, ao lado da língua portuguesa. O falar português é bastante semelhante ao de Portugal, já que não houve uma substituição da língua nativa pela língua portuguesa e sim uma “adesão” a esta nova língua que pela força da colonização acabou fazendo com que se tornasse língua oficial nestes países. O português falado nos países africanos possui apenas alguns traços próprios, como arcaísmos, dialetalismos, etc, semelhantemente ao que aconteceu no Brasil. De uma maneira geral, a influência das línguas negras foi muito leve, abrangendo apenas o léxico local.
      Nos demais países o português falado não foi aderido como em Angola e Moçambique, nestes outros, apesar de ser língua oficial, ele é utilizado apenas na administração, no ensino, na imprensa e em relações com outros países. No cotidiano se usa as línguas nacionais (crioulos). Nestes países é maior também a influência das línguas locais sobre o português, o que causa um maior distanciamento entre o português por eles utilizado, e o português europeu, falado em Portugal.

6- Cultura africana

      A cultura africana caracteriza-se pelo tribalismo e  animismo. O tribalismo estabelece a identidade e significação de um indivíduo como pessoa apenas no contexto de sua família ou comunidade. Um indivíduo isolado, desprovido da presença concreta e dos laços intangíveis do parentesteco, é visto como irremediavelmente perdido ou efetivamente morto. O animismo é a crença de que um só espírito está por dentro de tudo que existe; e cada ser que nasce traz consigo uma partezinha do espírito universal (Deus). Como está sempre nascendo seres e coisas, o espírito universal vai se enfraquecendo. Por isso, devemos fazer oferendas para reforçar esse  espírito universal. Além disso, os animistas  pedem desculpas para cortar uma árvore e matar um animal e por isso, são precursores dos ecologistas, seus atuais aliados. Para eles, a natureza esá repleta de forças vivas, espíritos residem nela, e os seres humanos podem interagir com eles até certa medida. Assim, a natureza é essencialmente espiritual e os seres humanos estão intimamente conectados com ela. Somos parte de natureza, dependemos dela e ela de nós.
        As tribos africanas tradicionais tendem a ver a personalidade como algo que o indivíduo conquista ao longo do tempo, enquanto se torna parte da própria comunidade. Tornar uma pessoa é uma realização. Nascimento e morte não marcam o fim e o início de uma pessoa. Um bebê recém-nascido ainda não é uma pessoa, ao passo que alguém falecido que vive na memória de seus descendentes continua a sê-lo, apesar da morte física. Na maioria das comunidades tribais, os ritos de iniciação são decisivos para a conquista do pleno pertencimento e portanto para a transformação do indivíduo numa pessoa completa. De maneira semelhante, ao longo de toda existência de uma pessoa , ritos e cerimônias mantêm sua vida no ritmo  da vida da comunidade.
       O ser  humano é composto de múltiplos elementos espirituais, todos eles essenciais para a vida de uma pessoa. Entre os iorubás, por exemplo, as almas dos ancestrais podem retornar em seus descendentes, até muitas e muitas vezes. Os iorubás estão longe de acreditar em uma alma individual isolada que acreditam que seus descendentes imediatos podem ser reencarnações das almas de seus pais, memo enquanto estes ainda estão vivos. Por isso, os africanos enfatizam o culto dos ancestrais, que são considerados habitantes vivos do mundo espiritual, capazes de auxiliar seus descententes.

 7. Semelhanças culturais aproximam os povos africanos do Brasil.

       A África continua muito presente nas nossas vidas, embora muitas vezes esqueçamos disso... Afinal, dela herdamos algumas marcas da nossa identidade cultural: o sabor da famosa feijoada, o ritmo contagiante do samba, os passos acrobáticos da capoeira, inúmeras palavras do nosso vocabulário - como "moleque" e "batuque" -, cultos religiosos, como o candomblé, que milhões de brasileiros seguem. E a moda também reflete essa influência: basta olharmos para o lado e encontraremos cabelos artisticamente trançados, tererês e rastafáris, exibidos por mulheres e homens, negros ou não, jovens e não tão jovens assim.

       7.1  Culinária

      O fato de as escravas africanas terem sido responsáveis pela cozinha dos engenhos, fazendas e casas-grandes do campo e da cidade permitiu a difusão da influência africana na alimentação. São exemplos culinários da influência africana: o vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá, caruru, quiabo e chuchu. Temperos também foram trazidos da África, como pimentas, o leite de coco e o azeite de dendê.

    7. 2 Música

     O samba, afoxé, maracatu, tambor de criola, congada, lundu e a capoeira são exemplos da influência africana na música brasileira que permanecem até os dias atuais. A música popular urbana no Brasil Imperial teve nos escravos que trabalhavam como barbeiros em Salvador e Rio de Janeiro uma de suas mais ricas expressões. Instrumentos como o tambor, atabaque, cuíca, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau também são heranças africanas que constituem parte da cultura brasileira. Cantos, como o jongo, ou danças, como a umbigada, são também elementos culturais provenientes dos africanos.

        7.3 Idioma

        Muitas palavras do vocabulário brasileiro têm origem africana ou referem-se a alguma prática desenvolvida pelos africanos escravizados que vieram para o Brasil durante o período colonial e imperial. São exemplos de palavras: moleque, quiabo, fubá, caçula e angu, cachaça, dengoso, quitute, berimbau e maracatu.

       7.4 Religião

       No aspecto religioso os africanos buscaram sempre manter suas tradições de acordo com os locais de onde haviam saído do continente africano. Entretanto, a necessidade de aderirem ao catolicismo levou diversos grupos de africanos a misturarem as religiões do continente africano com o cristianismo europeu, processo conhecido como sincretismo religioso. Algumas divindades religiosas africanas ligadas às forças da natureza ou a fatos do dia a dia foram aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanjá, que para alguns grupos étnicos africanos é a deusa das águas, no Brasil foi representada por Nossa Senhora. Xangô, o senhor dos raios e tempestades, foi representado por São Jerônimo. São exemplos de participação religiosa africana: candomblé, candomblé (Ketu e  Angola), xangô pernambucano, batuque, tambor de mina, cabula, umbanda, quimbanda, jurema sagrada, babaçuê, terecó e catimbó.

       7.5 Moda

       A negritude de cada um não pode ser alisada. Ela é crespa, mesmo! Por onde passam, negros e negras chamam a atenção com os seus cabelos “estilo black”.  São tranças jamaicanas, africanas, soltas, de raiz, contemporânea, dreads, rastafári, black power... Uma enorme variedadede estilo ao dispor dos cabelos crespos.  Para os africanos da região ocidental, o cabelo é uma indicação de poder espiritual, por ser o ponto mais elevado do corpo, próximo dos céus, ele possibilita a comunicação com os deuses e os espíritos e está próximo da divindade. Essa comunicação tem o intuito de alcançar a alma. Um encanto pode ser retirado ou o mal pode ser trazido para a pessoa por meio de aquisição de um fio de cabelo. Desde o surgimento da civilização africana, o estilo de cabelo tem sido usado para indicar o estado civil, a origem geográfica, a idade, a religião, a identidade étnica, a riqueza e a posição social das pessoas.

Ar-condicionado


Ẹ̀rọ amátẹ́gùn-tutù nílé alábarà.
Ar-condicionado na casa do consumidor.

Link permanente da imagem incorporada







Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀  (Vocabulário).

Ẹ̀rọ amátẹ́gùn-tutù, s. Ar-condicionado.
Ẹ̀rọ, s. Dispositivo, máquina, mecanismo. Trapaça, artifício, embuste, malandragem.
Tutù, tútù, títútù, adj. Frio, verde, cru, úmido, calmo, quieto.
, prep. No, na, em.
Ilé, s. Casa.
Alábarà, oníbarà, s. Cliente, comprador, consumidor.