Ìtara aláìmòye ti ẹ̀sìn.
Fanatismo religioso.
Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀ (Vocabulário).
Fanatismo, s. Ìtara aláìmòye, ìfi ori-kuku, aìmoye di nkan mu: fanatismo, intolerância, zelo excessivo, beatice.
Ìtara, s. Zelo.
Aláìmòye, s. Pessoa sem percepção, pessoa abobalhada.
Àìmòye, s. Imprudência.
Nkan, pron. indef. Algo, alguma coisa.
Nkan, s. Coisa, algo.
Nkankan, s. Nada.
Nkan-kí-nkan, adj. Qualquer coisa.
Nkan oṣù, s. Menstruação (lit. coisas do mês).
Di, v. Tornar-se, vir a ser. Ir direto. Ensurdecer. Cultivar.
Di, prep. Até. Quando indica tempo ou período, é antecedida por títí. Mo ṣiṣẹ́ títí di agogo mẹ́rin - Eu trabalhei até as 16h. Se indica de um período para outro, é antecedida por láti. Mo sùn láti aago kan di aago méjì lójojúmọ́ - Eu durmo de 13 h até as 14 h diariamente.
Mu, v. Beber, embeber, ensopar. Sugar, chupar, fumar.
Mú, adj. Sonoro, agudo, claro.
Mú, v. Tomar, pegar coisas leves e abstratas. Capturar, agarrar. Ser severo. Ser afiado.
Oríkunkun, s. Obstinação, teimosia.
Kúkú, v. Preferir.
Kúkù, s. Mestre-cuca (do inglês cook), cozinheiro.
Olùjọ́sìn, s. Adorador, cultuador.
Olùfọkànsìn, s. Um devoto.
Ẹ̀sìn, ìsìn, s. Culto, religião.
Ti, prep. de ( indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido. Ilé ti bàbá mi = ilé bàbá mi ( A casa do meu pai).
Ti, ti...ti, adj. Ambos... e. Ti èmi ti ìyàwó mi - ambos, eu e minha esposa.
Ti, v. Ter (verb. aux.). Arranhar. Pular.
Ti, v. interrog. Como. Ó ti jẹ́? - Como ele está.
Ti, adv. pré-v. Já. Indica uma ação realizada.
Ti, àti, conj. E.
Ti, part. pré-v. 1. Usada para indicar o tempo passado dos verbos. Èmi ti máa rìn lálé - Eu costumava caminhar à noite. 2. É usada com báwo ni - como - quando se deseja expressar sentimento e posicionada antes do verbo principal. Báwo ni àwọn ti rí? - Como eles estão?.
Intolerância religiosa e o estudo das religiões
POR EDILÉIA DINIZ · 14/07/2015
Em tempos de intolerância religiosa, eis que recebo, lamentavelmente, essa publicação, a qual não tenho como calar. Como pesquisadora e estudiosa das religiões digo que o conteúdo desta “publicidade” não é verdade. Primeiro porque nestes anos de estudo e pesquisa de campo pude constatar que muito pouco se sabe sobre as religiões, principalmente as mais novas como a Umbanda que é alvo deste anuncio. Sendo assim, defendo sempre a necessidade urgente de estudar buscando informação em uma fonte segura, idônea, e se possível imparcial, para que tenha condições de refletir e tomar suas próprias conclusões, sem traduções ou meias verdades.
Contudo, é necessário registar e esclarecer que Exu e Pomba Gira não são demônios, afinal o Diabo é uma construção Cristã e sua figura não existe no panteão nagô-ioruba. A cultura africana, da qual descende uma parte da teologia umbandista, é pouco conhecida por nós brasileiros e requer um profundo estudo. Infelizmente, devido resquícios de influência europeia e escravagista, temos a ideia errônea de que se trata de uma cultura inferior. Então, por si só justifica o estudo das religiões pois o conhecimento nos afasta da ignorância e da intolerância.
Outro ponto importante diz respeito ao “mal”, personificado na figura do demônio, que está intrínseco na condição humana e do qual, acredito, que colete nenhum poderá nos proteger. Se não queres o mal, faça o bem a si mesmo e aos outros, pois onde existe amor o mal não sobrevive. Além disso, em todas as religiões encontraremos tentativas de combater o mal e, de certa forma, o mal-estar gerado pelas outras religiões.
Nesses mais de 15 anos de pesquisas acadêmicas tenho visto muitos cientistas que são religiosos, ficam em crise com sua religião, e durante seu estudo se decepcionam, perdem a fé, desvinculando-se de qualquer instituição ou identidade. Para mim, como cientista, o estudo das religiões me libertou das amarras da ignorância e me tornou uma pessoa mais tolerante e compassiva com toda crença, sem distinção.
Alguns questionamentos são importantes: O pesquisador pode ter uma religião? Qual é o limite entre o acadêmico e o religioso? Para alguns, o estudo das religiões não está diretamente associado a prática, ou seja, não necessariamente deve-se experimentar várias religiões, como forma de conhecimento, para então, posteriormente, adotar uma. Reconheço que alguns pesquisadores, preferem se manter confortáveis, estudando sua própria confissão ao invés de se atreverem a ler sobre outras. Seria esse um sistema de autodefesa ou intolerância?
Se tenho uma religião? Claro que tenho. Tenho todas no meu coração e as exerço seja meditando no templo budista, louvando na igreja evangélica ou batendo cabeça no terreiro de umbanda. Precisamos libertar Deus da religião, pois Ele está em todos nós e onde quer que estejamos, lá O encontraremos. Quem somos nós para dizer que Ele não estará?
Enquanto religiosa, há mais de uma década, aprendi na igreja evangélica que deveria me relacionar com pessoas que temem ao mesmo Deus que eu e, portanto, deveria abandonar “idólatras, hipócritas e etc.”, mesmo que isso significasse deixar de falar com pessoas da minha família carnal pois estava ingressando em uma nova família, a família de Jesus. Isso significou afastar-me de pessoas que são sangue do meu sangue e carne da minha carne. Então pergunto: isso é religião que promove a irmandade de Cristo? Foi durante os estudos e a pesquisa acadêmica que pude conhecer melhor algumas religiões e ver as similaridades em sua essência.
Finalmente, o conflito entre o religioso (prosélito, evangelista) que deve assumir uma identidade institucional e o cientista da religião que critica severamente a todas sem a adoção de uma, deve se ajustar com o tempo e proporcionar uma contribuição positiva para o diálogo entre as religiões. Ao cientista, recomendo continuar suas pesquisas de campo, permitindo-se experimentar as sensações que cada religião pode proporcionar. Quanto ao religioso, sugiro parar de reclamar das práticas alheias e cuidar mais da sua própria vida religiosa, faça dela um exercício constante de contato com o Sagrado, o Numinoso!
Pois a religião, não passa de um emaranhado dos desejos humanos. Para Karl Marx “é o homem que faz a religião e não a religião que faz o homem”. Já o teólogo Rubem Alves afirma que a religião poderia ser uma “teia de símbolos, rede de desejos, confissão da espera, horizonte dos horizontes, a mais fantástica e pretensiosa tentativa de transubstanciar a natureza”. Então se estamos vivendo em épocas de intolerância religiosa, é porque assim estamos sendo com nós mesmos.
Fanatismo religioso.
Àkójọ́pọ̀ Itumọ̀ (Glossário).
Ìwé gbédègbéyọ̀ (Vocabulário).
Fanatismo, s. Ìtara aláìmòye, ìfi ori-kuku, aìmoye di nkan mu: fanatismo, intolerância, zelo excessivo, beatice.
Ìtara, s. Zelo.
Aláìmòye, s. Pessoa sem percepção, pessoa abobalhada.
Àìmòye, s. Imprudência.
Nkan, pron. indef. Algo, alguma coisa.
Nkan, s. Coisa, algo.
Nkankan, s. Nada.
Nkan-kí-nkan, adj. Qualquer coisa.
Nkan oṣù, s. Menstruação (lit. coisas do mês).
Di, v. Tornar-se, vir a ser. Ir direto. Ensurdecer. Cultivar.
Di, prep. Até. Quando indica tempo ou período, é antecedida por títí. Mo ṣiṣẹ́ títí di agogo mẹ́rin - Eu trabalhei até as 16h. Se indica de um período para outro, é antecedida por láti. Mo sùn láti aago kan di aago méjì lójojúmọ́ - Eu durmo de 13 h até as 14 h diariamente.
Mu, v. Beber, embeber, ensopar. Sugar, chupar, fumar.
Mú, adj. Sonoro, agudo, claro.
Mú, v. Tomar, pegar coisas leves e abstratas. Capturar, agarrar. Ser severo. Ser afiado.
Oríkunkun, s. Obstinação, teimosia.
Kúkú, v. Preferir.
Kúkù, s. Mestre-cuca (do inglês cook), cozinheiro.
Olùjọ́sìn, s. Adorador, cultuador.
Olùfọkànsìn, s. Um devoto.
Ẹ̀sìn, ìsìn, s. Culto, religião.
Ti, prep. de ( indicando posse). Quando usado entre dois substantivos, usualmente é omitido. Ilé ti bàbá mi = ilé bàbá mi ( A casa do meu pai).
Ti, ti...ti, adj. Ambos... e. Ti èmi ti ìyàwó mi - ambos, eu e minha esposa.
Ti, v. Ter (verb. aux.). Arranhar. Pular.
Ti, v. interrog. Como. Ó ti jẹ́? - Como ele está.
Ti, adv. pré-v. Já. Indica uma ação realizada.
Ti, àti, conj. E.
Ti, part. pré-v. 1. Usada para indicar o tempo passado dos verbos. Èmi ti máa rìn lálé - Eu costumava caminhar à noite. 2. É usada com báwo ni - como - quando se deseja expressar sentimento e posicionada antes do verbo principal. Báwo ni àwọn ti rí? - Como eles estão?.
Intolerância religiosa e o estudo das religiões
POR EDILÉIA DINIZ · 14/07/2015
Em tempos de intolerância religiosa, eis que recebo, lamentavelmente, essa publicação, a qual não tenho como calar. Como pesquisadora e estudiosa das religiões digo que o conteúdo desta “publicidade” não é verdade. Primeiro porque nestes anos de estudo e pesquisa de campo pude constatar que muito pouco se sabe sobre as religiões, principalmente as mais novas como a Umbanda que é alvo deste anuncio. Sendo assim, defendo sempre a necessidade urgente de estudar buscando informação em uma fonte segura, idônea, e se possível imparcial, para que tenha condições de refletir e tomar suas próprias conclusões, sem traduções ou meias verdades.
Contudo, é necessário registar e esclarecer que Exu e Pomba Gira não são demônios, afinal o Diabo é uma construção Cristã e sua figura não existe no panteão nagô-ioruba. A cultura africana, da qual descende uma parte da teologia umbandista, é pouco conhecida por nós brasileiros e requer um profundo estudo. Infelizmente, devido resquícios de influência europeia e escravagista, temos a ideia errônea de que se trata de uma cultura inferior. Então, por si só justifica o estudo das religiões pois o conhecimento nos afasta da ignorância e da intolerância.
Outro ponto importante diz respeito ao “mal”, personificado na figura do demônio, que está intrínseco na condição humana e do qual, acredito, que colete nenhum poderá nos proteger. Se não queres o mal, faça o bem a si mesmo e aos outros, pois onde existe amor o mal não sobrevive. Além disso, em todas as religiões encontraremos tentativas de combater o mal e, de certa forma, o mal-estar gerado pelas outras religiões.
Nesses mais de 15 anos de pesquisas acadêmicas tenho visto muitos cientistas que são religiosos, ficam em crise com sua religião, e durante seu estudo se decepcionam, perdem a fé, desvinculando-se de qualquer instituição ou identidade. Para mim, como cientista, o estudo das religiões me libertou das amarras da ignorância e me tornou uma pessoa mais tolerante e compassiva com toda crença, sem distinção.
Alguns questionamentos são importantes: O pesquisador pode ter uma religião? Qual é o limite entre o acadêmico e o religioso? Para alguns, o estudo das religiões não está diretamente associado a prática, ou seja, não necessariamente deve-se experimentar várias religiões, como forma de conhecimento, para então, posteriormente, adotar uma. Reconheço que alguns pesquisadores, preferem se manter confortáveis, estudando sua própria confissão ao invés de se atreverem a ler sobre outras. Seria esse um sistema de autodefesa ou intolerância?
Se tenho uma religião? Claro que tenho. Tenho todas no meu coração e as exerço seja meditando no templo budista, louvando na igreja evangélica ou batendo cabeça no terreiro de umbanda. Precisamos libertar Deus da religião, pois Ele está em todos nós e onde quer que estejamos, lá O encontraremos. Quem somos nós para dizer que Ele não estará?
Enquanto religiosa, há mais de uma década, aprendi na igreja evangélica que deveria me relacionar com pessoas que temem ao mesmo Deus que eu e, portanto, deveria abandonar “idólatras, hipócritas e etc.”, mesmo que isso significasse deixar de falar com pessoas da minha família carnal pois estava ingressando em uma nova família, a família de Jesus. Isso significou afastar-me de pessoas que são sangue do meu sangue e carne da minha carne. Então pergunto: isso é religião que promove a irmandade de Cristo? Foi durante os estudos e a pesquisa acadêmica que pude conhecer melhor algumas religiões e ver as similaridades em sua essência.
Finalmente, o conflito entre o religioso (prosélito, evangelista) que deve assumir uma identidade institucional e o cientista da religião que critica severamente a todas sem a adoção de uma, deve se ajustar com o tempo e proporcionar uma contribuição positiva para o diálogo entre as religiões. Ao cientista, recomendo continuar suas pesquisas de campo, permitindo-se experimentar as sensações que cada religião pode proporcionar. Quanto ao religioso, sugiro parar de reclamar das práticas alheias e cuidar mais da sua própria vida religiosa, faça dela um exercício constante de contato com o Sagrado, o Numinoso!
Pois a religião, não passa de um emaranhado dos desejos humanos. Para Karl Marx “é o homem que faz a religião e não a religião que faz o homem”. Já o teólogo Rubem Alves afirma que a religião poderia ser uma “teia de símbolos, rede de desejos, confissão da espera, horizonte dos horizontes, a mais fantástica e pretensiosa tentativa de transubstanciar a natureza”. Então se estamos vivendo em épocas de intolerância religiosa, é porque assim estamos sendo com nós mesmos.