Na historiografia, o erro crucial é a falsificação da história africana, realizada por autores do eurocentrismo, problema identificado por Cheik Anta Diop em seus diversos escritos. Este vilipêndio foi programado e com objetivos perversos; a falácia do eurocentrismo tentou apagar da memória mundial a verdade histórica, e afetar psicologicamente os africanos e afro-diaspóricos, conseguindo êxito na diminuição da auto-estima de bilhões de pessoas. A denúncia desta perversidade eurocêntrica é um dos caminhos que todo historiador na África ou em diáspora deve participar, desenvolvendo e tendo em prática a afrocentricidade.
Fico deveras preocupado quando ouço intelectuais pretos se gabarem de possuir conhecimentos de proeminentes teóricos europeus que criaram, decretaram e difundiram a inferioridade intelectual dos africanos, exemplos: Voltaire (1694-1778), Cuvier (1769-1832), Gobineau (1816-1882) Lévy-Bruhl (1857-1939) Hume (1711-1776) Kant (1724-1804) Hegel (1770-1831), entre outros.
Já participei de debates onde doutores afro-diaspóricos cheios de empáfia se apresentam como weberianos, marxistas, gramscinianos, pós-modernistas, e diversas outras adjetivações, combatendo o conhecimento afrocêntrico. Lembro da frase muito peculiar de Malcolm X:
“É preciso ter muito cuidado, muito cuidado mesmo, ao apresentar a verdade ao homem preto que nunca antes ouviu a verdade a respeito de si mesmo, de sua espécie e do homem branco”.
O filosofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel afirmou:
“A África, na história, ficou reclusa, sem conexão com o resto do mundo, é a terra do ouro, recolhida em si mesma, o país da infância, que além da época da história consciente, está enterrada na escuridão da noite.”
Presunçoso, racista e desinformado este filósofo alemão, desconhecia o grande conhecimento preto-africano, se o conhecesse não escreveria esta asneira (asno).
Nesta falsificação da história foi necessário promover uma civilização branca ocidental, como símbolo do conhecimento, da sabedoria aonde todas as ciências se tornaram “racionais”. Elegeram a civilização helênica. Não satisfeitos tentaram mascarar a genes de todo o conhecimento humano: África.
Ignóbeis gregos que plagiaram os conhecimentos africanos antigos, mas, os documentos históricos os desmentem, os próprios escritos gregos são provas de onde obtiveram o conhecimento como meros aprendizes, os quais são corroborados com os monumentos e escritos feitos pelos reais criadores na África.
Dentre esses grandes plágios e absorções de conhecimentos a medicina africana foi uma das maiores vítimas, tema que discorrerei com as amadas e amados ledores deste blogger.
Hipócrates, Herófilo, Erasístrato (“pai da fisiologia?”), Galeno de Pergamo, reconheceram de que suas informações são Khemitas, estudadas no templo de Imothep, em Memphis.
Quando falamos em história da medicina, todo estudante das ciências médicas cita o grego Hipocrates, considerado o pai da medicina, líder da Escola de Cós, autor de vários tratados médicos, e sendo homenageado até hoje com
“O juramento de Hipócrates” nas formaturas dos médicos e médicas, vejamos um trecho:
"As coisas sagradas devem ser ensinados as pessoas puras, é um sacrilégio se comunicar com pessoas de fora até que tenham iniciado nos mistérios da ciência. Palavras de Hipocrates repetindo os seus mestres das Escolas de Mistérios no Egito.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.” Juramento de Hipocrates.
HIPPOCRATES OF COS (THE FATHER OF MEDICINE)
As pesquisas históricas comprovaram que Hipocrates aprendeu medicina no Egito e plagiou diversos ensinamentos, entre eles, o diagnóstico de infertilidade feminina. Hipocrates sempre fora fiel aos ensinamentos, iniciado nos Templos de Thoth, dos seus mestres egípcios das Escolas de Mistérios.
O conhecimento da medicina chegou à Grécia em três momentos complementares. A princípio, as relações comerciais entre egípcios e os povos do Mediterrâneo levaram o conhecimento de sua avançada ciência em relação àqueles povos, principalmente aos gregos. Em seguida, espantados com os conhecimentos imensurável dos egípcios, os mesmos gregos, como Sócrates e Hipocrates, foram ao Egito aprender nas chamadas Escolas dos Mistérios. Por fim, a invasão de Alexandre e o roubo de preciosos documentos médicos que se tornaram excepcional fonte documental de estudos para os gregos nas ciências médicas e posteriormente para os romanos.
IMHOTEP – VERDADEIRO PAI DA MEDICINA
Antes de adentramos ao conhecimento real de Imhotep, vejamos algumas curiosidades sobre o verdadeiro pai da medicina:
São atribuídas obras arquitetônicas belíssimas a Imhotep, dentre elas se destaca a
Pirâmide de Djoser (também chamada pirâmide escalonada ou dos degraus).
Observe agora o detalhe com o nome de
IMHOTEP em hieróglifo, proveniente do complexo da pirâmide de Sakkara.
Entre outras coisas Imhotep também é atribuída à previsão e prevenção de uma fome de sete anos que veio sobre a terra, ele previu a fome depois de interpretar um sonho do faraó Djoser. Neste sonho do deus do Nilo falou ao faraó, e Imhotep foi o único que poderia interpretar o sonho. Qualquer pessoa com algum conhecimento básico da Bíblia notará imediatamente que esta história é idêntica à de José, o menino pastor que foi vendido como escravizado por seus irmãos, Joseph agora, depois de muitas tentativas finalmente chegou ao Egito, onde ele previu e, impedido, uma fome de sete anos, tornou-se o grão-vizir para faraó da época e em todo o Egito a única pessoa que estava acima dele, foi o faraó, similar à vida de Imhotep.
E, como não poderia deixar de ser, a Indústria branca do cinema hollywoodiana tem usado a chamada sétima arte para distorcer os fatos históricos africanos, e usaram a personagem Imhotep colocando como vilão, um ser perverso, mesquinho que ressuscita pensando no seu bem-estar e sem preocupações humanitárias. O ator do filme A Múmia e o Retorno da Múmia são o sul-africano Arnold Vosloo. No filme, Imhotep é condenado à pior de todas as maldições egípcias após ter se relacionado com Ank-Su-Namon amante do faraó Seti I, do qual era seu sacerdote. Assim, após um grupo de pesquisadores acordarem a múmia (Imhotep) de seu túmulo, as pragas do Egito caem sobre a cidade e a maldição sobre aqueles que o acordaram.
O verdadeiro pai das ciências médicas, Imhotep, viveu no Egito antigo em (2700-2670 a.C), o significado do seu nome é: "aquele que vem em Paz”. Foi também, administrador, teólogo, escritor, astrônomo e arquiteto.
Imhotep é um exemplo do culto da personalidade. Aproximadamente 100 anos após a sua morte, foi considerado como um semideus médico. Em aproximadamente 525 a.C., cerca de 2.000 anos após a sua morte, foi elevado à categoria de um deus, e substituiu Nefertum na tríade grande em Mênfis. No Cânon de Turin era considerado como filho de Ptah. Imhotep, conjuntamente Amenhotep, foi os únicos egípcios mortais que alcançaram o estatuto de deuses. Foi também associado com Thoth, deus da sabedoria, da escrita e da aprendizagem.
Patrono dos médicos, no Egito, endeusado na época e invocado nas orações, ele foi adorado pelos gregos como Asclépio e pelos romanos como Esculápio. Os pagãos - cristãos romanos o consideravam “Príncipe da Paz”. Imhotep viveu durante a Terceira Dinastia no corte do Faraó Zoser, Imhotep havia morrido 2500 anos antes do nascimento de Hipócrates. Foi honrado pelos Romanos e os imperadores Claudius e Tibério ordenaram que fossem feitas inscrições louvando Imhotep nas paredes dos seus templos egípcios.
Imhotep escreveu textos médicos, a ele é creditada a autoria do papiro de Edwin Smith, é a única cópia de parte de um antigo livro egípcio sobre trauma da cirurgia. O mais antigo escrito de literatura médica, e é o mais antigo documento cirúrgico do mundo. È considerado pelos grandes professores das ciências médicas ocidentais como o berço do pensamento analítico da medicina.
Possui mais de 90 termos anatômicos e 48 lesões são descritas, uma das grandes importâncias deste grande legado da medicina que contem 17 páginas riquíssimas sobre questões médicas- cirúrgicas da traumatologia, abordando diagnósticos e métodos de tratamento. Fez os primeiros prontuários médicos da história.
Um dos fatores que chama a atenção deste papiro é a descrição anatômica dos pés a cabeça, demonstrando vasto conhecimento sobre o coração, rins, bexiga, baço, fígado e ureteres que as escolas médicas da Idade Média seguiram e é usado até hoje nas escolas de medicina.
Fundou uma escola de medicina em Memphis, e diagnosticou e tratou mais de 200 doenças, entre elas: 15 doenças do abdômen, 11 da bexiga, 10 do reto, 29 dos olhos, 18 da pele, cabelos, unhas e língua. Também conhecia a posição e a função dos órgãos vitais e da circulação do sistema sanguíneo. Imhotep extraía os remédios das plantas.
ANCIENT AFRICA BY VAN SERTIMA PT 3
Imhotep entrou na história por seus conhecimentos médicos e vasta sabedoria. No Egito havia também a biblioteca Faraônica Imhotep, que armazenavam todos os seus tratados de medicina e cirurgia. Na Grécia os templos dedicados a ele se tornaram centros de estudos médicos.
O povo cantou provérbios séculos mais tarde após a sua morte e 2500 anos depois, havia tornado um deus da medicina, nos quais os gregos, que o chamam Imouthes, reconheceu o seu próprio Asclépio.
IMHOTEP, O MÉDICO
De acordo com Clemente de Alexandria, os Egípcios possuíam mais de 42 livros de Hermenêutica, e cerca de seis livros médicos, a saber: sobre a construção do corpo, sobre as doenças, sobre os equipamentos (o médico), sobre a medicação, os olhos (sobre doenças), sobre as condições das mulheres.
O maior compêndio de medicamento foi compilado por Hermes, um médico de origem grega que estudou no Egito, e constou de seis livros. O primeiro dos seis livros estava diretamente relacionado à anatomia, outro psíquico, outro de farmacologia e outros temas.
“A arte de curar está dividida. Cada tratamento médico de uma doença, e não vários, e tudo está cheio de doutores. Há médicos para os olhos, para a cabeça, os dentes, para o corpo e medicina interna.” Heródoto, Histórias, II, 84
Detalhando inscrição egípcia instrumentos médicos, incluindo serras ósseas, ventosas, facas e bisturis, afastadores, escalas, lanças, cinzéis e instrumentos dentários.
A medicina em Kemet, segundo textos encontrados freqüentemente relatam que os médicos, eram: oculistas, dentistas que usavam fios de ouro e realizaram obturações com cimento mineral e outras técnicas foram amplamente usadas. Havia especialistas, incluindo médicos veterinários. A documentação é vastíssima sobre a medicina e muitos papiros foram encontrados trazendo a luz os conhecimentos africanos sobre a ciência médica, que descreve as doenças, e o tratamento aplicado em todas as áreas da medicina, incluindo ginecologia, cirurgia óssea e as queixas de olhos, entre outras doenças.
Os antigos egípcios inventaram também a prótese para os que nasciam com deformidade ou sofriam algum acidente. Em 2007, uma múmia feminina datada entre 1000 e 600 a.C foi encontrado um dedo protético criado a partir de madeira e couro.
Criaram os primeiros hospitais do mundo, os santuários de cura onde médicos e sacerdotes cuidavam dos doentes.
O estudo da anatomia e fisiologia mostra um grau de conhecimento do funcionamento do corpo humano, sua estrutura, o trabalho do coração e vasos sanguíneos.
Entre os diversos procedimentos do antigo estava à trepanação (cirurgia do crânio) e a cesariana.
O conhecimento médico no antigo Egito tinha uma reputação excelente, e os governantes de outros impérios solicitavam aos faraós egípcio de enviar-lhes o melhor médico para tratar os seus entes queridos. Se você vivesse no chamado “mundo antigo” o seu centro médico de referência seria Kemet (Egito). E se quisesse se tornar um bom médico ou médica iria estudar no Egito, país das melhores faculdades de medicina e dos melhores médicos do mundo. Na terra dos pretos você aprenderia com profundidade a medicina.
"Os egípcios eram hábeis na medicina mais do que qualquer outra arte." Heródoto.