quarta-feira, 6 de julho de 2016

Agradecimento









[Agradecer é o que eu quero 1] Em nagô, dizemos "bonbororô, bonbororô; Orixá bobô" - uma espécie de grande saudação a todos aqueles que nos guardam, nos cuidam, nos mantém vivos e nos dão a honra de fazermos parte de algo maior do que nós e cuja importância nos torna igualmente importantes. Gratidão no Candomblé é questão central. Abaixo-me para agradecer, canto para agradecer, danço para agradecer. Eu sou porque o outro é comigo e por meio de mim. As pessoas levam tempo para entender, aprender e dar o devido valor a esses sentidos, porque vivemos na sociedade do "eu sou sozinho", "eu devo ser sozinho", "eu preciso ser sozinho" e, em uma sociedade em que, ser no outro, seria dependência e até fraqueza. Aprendi que não. Aprendi que sou justamente quando posso ser dividindo-me com o outro e no outro. A individualidade, o excesso de eu e o egoísmo exacerbados fragmentam e retiram da vida o seu sentido mais humano, o ser para além de si mesmo. 

Sidnei Barreto Nogueira


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