ìtàn àtowódówó ( histórias tradicionais).
A origem da Palvara divina
"[...] A tradição bambara [uma tribo] do Komo ( uma das grandes escolas de iniciação [de sabedoria ancestral] do Mande [Mali - reino africano na região sudoeste do Saara]) ensina que a Palavra, Kuma é uma força fundamental que emana do próprio Ser Supremo, Maa Ngala, criador de todas as coisas. Ela é o instrumento da criação: "Aquilo que Maa Ngala diz, é!", proclama o chantre do deus Komo.
O mito da criação do universo e do homem, ensinado pelo mestre iniciador do Komo (que é sempre um ferreiro) aos jovens circuncidados, revela-nos que quando Maa ngala sentiu falta do interlocutor, criou o Primeiro Homem: Maa.
Antigamente a história da gênese costumava ser ensinada durante os 63 dias de retiro imposto aos circundados aos 21 anos de idade; em seguida, passavam mais 21 anos estudando-a cada vez mais profundamente.
Na orla do bosque sagrado, ind Komo vivia, o primeiro circundado entoava ritmadamente as seguintes palavras:
'Maa Ngala! Maa Ngala!
Quem é Maa Ngala?
Onde estpa Maa Ngala?'
O chantre do Komo respondia:
'Maa ngala é a Força infinita.
Ninguém pode situá-lo no tempo e no espaço.
Ele é Dombali (Incognoscível)
Dambali (Incriado, Infinito)'
Então, após a iniciação, começava a narração da gênese primordial:
'Não havia nada, senão um Ser,
Este Ser era um Vazio vivo,
a incubar potencialmente as existências possíveis.
O Seu-Um chamou-se de Maa Ngala.
Então ele criou 'Fan',
Um Ovo maravilhoso com nove divisões.
No qual introduziu os nove estados fundamentais da existência.
Quando o Ovo primordial chocou, dele nasceram vinte seres fabulosos que constituíram a totalidade do universo, a soma total das forças existentes do conhecimento possível.
Ms, ai!, nenhuma dessas vinte primeiras criaturas revelou-se apta a tornar-se o interlocutor (kuma-nyon) que Maa Ngala havia desejado para si.
Assim, ele tomou de uma parcela de cda uma dessas vinte criaturas existentes e misturou-as; então, insuflando na mistura uma centelha de seu próprio hálito ígneo, criou um novo Ser, o Homem, a quem deu uma parte de seu próprio nome: Maa. E assim esse novo ser, através de seu nome e da centelha divina nele introduzida, continha algo do próprio Maa Ngala'.
Síntese de tudo o que existe, receptáculo por excelência da Força suprema e confluência de todas as forças existentes, Maa, o Homem, receu de herança uma parte do poder criador divino, o dom da Mente e da Palvara.
Maa Ngala ensinou a Maa, seu interlocutor, as leis segundo as quais todos os elemntos do cosmo foram formados e continuam a existir. Ele o intitulou guardião do Universo e o encarregou de zelar pela conservação da Harmonia universal. Por isso é penoso ser Maa.
Iniciado por seu criador, mais tarde Maa transmitiu a seus descendentes tudo o que havia aprendido, e esse foi o início da rande cadeia de transmissão oral iniciatória da qual a ordem do Komo (como as ordens do Nama, do Kore, etc, e no Mali) diz-se continuadora.
Tendo Maa Ngala criado seu interlocutor, Maa falava com ele e, ao mesmo tempo, dotava-o da capacidade de responder. Teve início o diálogo entre maa Ngala, criador de todas as coisas, e Maa, simbiose de todas as coisas.
Como provinham de Maa Ngala para o homem, as palvras eram divinas porque ainda não haviam entrado em contato com a materialidade. Após o contato com a corporeidade, perderam um pouco a sua divindade, mas se carregaram de sacralidade. Assim, sacralizada pela Palavra divina, por sua vez a corporeidade emitiu sagradas que estabeleceram a comunicação com Maa Ngala.
A tradição africana, portanto, concebe a fala como um dom de Deus. Ela é ao mesmo tempo divina no sentido descendente e sagrada no sentido ascendente [...]"
Bá, A. Hampaté. A tradição viva, in História Geral da África, volume I. Editora Ática - pela Unesco. p. 183-185.
Um pouco de cultura/mitologia africana para vocês. Atenção para o último parágrafo. O trato com a palavra é um culto sagrado. A escolha das palavras, o modo como elas são pronunciadas, o que elas querem dizer, como elas foram proferidas e a veradicadade delas, dentro daquilo que eles acreditavam, é de uma intensidade quase irreal, um contraste alucinante com a sociedade Ocidental-européia. Palmas para África. E lágrimas para a destruição de culturas que tinham muito a ensinar.
O mito da criação do universo e do homem, ensinado pelo mestre iniciador do Komo (que é sempre um ferreiro) aos jovens circuncidados, revela-nos que quando Maa ngala sentiu falta do interlocutor, criou o Primeiro Homem: Maa.
Antigamente a história da gênese costumava ser ensinada durante os 63 dias de retiro imposto aos circundados aos 21 anos de idade; em seguida, passavam mais 21 anos estudando-a cada vez mais profundamente.
Na orla do bosque sagrado, ind Komo vivia, o primeiro circundado entoava ritmadamente as seguintes palavras:
'Maa Ngala! Maa Ngala!
Quem é Maa Ngala?
Onde estpa Maa Ngala?'
O chantre do Komo respondia:
'Maa ngala é a Força infinita.
Ninguém pode situá-lo no tempo e no espaço.
Ele é Dombali (Incognoscível)
Dambali (Incriado, Infinito)'
Então, após a iniciação, começava a narração da gênese primordial:
'Não havia nada, senão um Ser,
Este Ser era um Vazio vivo,
a incubar potencialmente as existências possíveis.
O Seu-Um chamou-se de Maa Ngala.
Então ele criou 'Fan',
Um Ovo maravilhoso com nove divisões.
No qual introduziu os nove estados fundamentais da existência.
Quando o Ovo primordial chocou, dele nasceram vinte seres fabulosos que constituíram a totalidade do universo, a soma total das forças existentes do conhecimento possível.
Ms, ai!, nenhuma dessas vinte primeiras criaturas revelou-se apta a tornar-se o interlocutor (kuma-nyon) que Maa Ngala havia desejado para si.
Assim, ele tomou de uma parcela de cda uma dessas vinte criaturas existentes e misturou-as; então, insuflando na mistura uma centelha de seu próprio hálito ígneo, criou um novo Ser, o Homem, a quem deu uma parte de seu próprio nome: Maa. E assim esse novo ser, através de seu nome e da centelha divina nele introduzida, continha algo do próprio Maa Ngala'.
Síntese de tudo o que existe, receptáculo por excelência da Força suprema e confluência de todas as forças existentes, Maa, o Homem, receu de herança uma parte do poder criador divino, o dom da Mente e da Palvara.
Maa Ngala ensinou a Maa, seu interlocutor, as leis segundo as quais todos os elemntos do cosmo foram formados e continuam a existir. Ele o intitulou guardião do Universo e o encarregou de zelar pela conservação da Harmonia universal. Por isso é penoso ser Maa.
Iniciado por seu criador, mais tarde Maa transmitiu a seus descendentes tudo o que havia aprendido, e esse foi o início da rande cadeia de transmissão oral iniciatória da qual a ordem do Komo (como as ordens do Nama, do Kore, etc, e no Mali) diz-se continuadora.
Tendo Maa Ngala criado seu interlocutor, Maa falava com ele e, ao mesmo tempo, dotava-o da capacidade de responder. Teve início o diálogo entre maa Ngala, criador de todas as coisas, e Maa, simbiose de todas as coisas.
Como provinham de Maa Ngala para o homem, as palvras eram divinas porque ainda não haviam entrado em contato com a materialidade. Após o contato com a corporeidade, perderam um pouco a sua divindade, mas se carregaram de sacralidade. Assim, sacralizada pela Palavra divina, por sua vez a corporeidade emitiu sagradas que estabeleceram a comunicação com Maa Ngala.
A tradição africana, portanto, concebe a fala como um dom de Deus. Ela é ao mesmo tempo divina no sentido descendente e sagrada no sentido ascendente [...]"
Bá, A. Hampaté. A tradição viva, in História Geral da África, volume I. Editora Ática - pela Unesco. p. 183-185.
Um pouco de cultura/mitologia africana para vocês. Atenção para o último parágrafo. O trato com a palavra é um culto sagrado. A escolha das palavras, o modo como elas são pronunciadas, o que elas querem dizer, como elas foram proferidas e a veradicadade delas, dentro daquilo que eles acreditavam, é de uma intensidade quase irreal, um contraste alucinante com a sociedade Ocidental-européia. Palmas para África. E lágrimas para a destruição de culturas que tinham muito a ensinar.